Resumo

Título do Artigo

A ESCASSEZ DO BARRO, O DESMATE INDEVIDO E OS PREJUÍZOS À SAÚDE DO(A) ARTESÃO(Ã) DO ALTO DO MOURA, CARUARU-PE
Abrir Arquivo

Tema

Políticas Públicas para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Cristiane Ana da Silva Lima
UFRPE-Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE Responsável pela submissão
2 - Jaqueline Guimarães Santos
- Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
3 - Denise Clementino de Souza
Universidade Federal de Pernambuco - PPGIC/UFPE; PPHTUR/UFPE; GEIA/UFPE; CAA/UFPE

Reumo

O Alto do Moura localizado em Caruaru/PE, tem sua principal fonte econômica a produção e comércio de artesanato com barro. O barro usado para o artesanato da localidade foi durante longos anos fortemente explorado por artesãos, olarias e cerâmicas, o que contribuiu para o quase esgotasse as jazidas de barro existente. No entanto, faltar argila é extinguir a prática do artesanato figurativo do Alto do Moura e encerrar uma atividade que tem valor histórico, cultural, social e econômico, a qual faz parte da riqueza de Pernambuco e conta a tradição de um povo.
A criação da Associação dos Artesãos em Barro e Moradores do Alto do Moura – ABMAM teve papel relevante na disputa pela garantia da matéria prima para os(as) artesãos(as) Ações como essas surgem da carência de estruturas e políticas públicas que consigam suprir de forma satisfatória às demandas sociais. Mas garantir a matéria prima não é o único problema que afeta a comunidade. Assim, o objetivo foi analisar as dificuldades enfrentadas pela comunidade do Alto do Moura referentes à manutenção da prática de artesanato, os possíveis prejuízos ao meio ambiente e a saúde do trabalhador-artesão.
O Programa do Artesanato Brasileiro tem o compromisso de promover o desenvolvimento integrado do Setor artesanal para isso deve desenvolver ações e políticas públicas coordenadas (BRASIL, 2018). Política pública é algo complexo, está relacionada a várias questões da sociedade, toda a produção de políticas públicas deve estar sempre relacionada uma definição de problemas, a qual deve se originar da percepção dos atores sobre problemas públicos, como também nos interesses que estão em jogo (CAPELA, 2018; OLIVEIRA, PASSADOR, 2017).
A presente pesquisa tem uma abordagem qualitativa e descritiva. Ela está inserida em um projeto mais amplo que aborda o Alto do Moura-PE, o trabalho e o artesanato como negócio no século 21. Por isso a pesquisa de campo foi realizada em dois momentos. Para apreciação dos achados optamos pela análise de narrativa. Tal análise pode ter caráter descritivo, simbólico e interpretativo, tratando-se de “um método altamente adaptável para todos os tipos de pesquisa em organizações econômicas e sociais” (MOUTINHO; CONTI, 2016).
A ABMAM luta para conseguir adquirir outro terreno para a retirada da matéria prima, antes o atual acabe, porém não é tão simples chamar a atenção dos poderes públicos para a problemática tão presente na comunidade e merecedora de políticas públicas para soluciona-las, e esse descaso é fala marcante de vários artesãos. A queima ilegal de madeira para confecção das peças também não envolve apenas o desmate, mas também prejudica a saúde do trabalhador artesão. Existindo, pois, alternativas possíveis para a resolução de problemas, mas carecem da presença e atuação do governo municipal e estadual.
Na fala de vários entrevistados é possível perceber um apelo por uma presença maior dos agentes públicos, como também o medo de perder seus direitos, sendo maior ainda o temor de ter que parar sua atividade. Pois, o artesanato não envolve apenas a questão financeira, mas também o amor e o afeto a sua atividade. Está claro nas narrativas que a possibilidade de se acabar o barro, matéria prima para o Alto Moura, é algo urgente e presente na comunidade, não sendo apenas uma demanda de alguns, mas de muitos que estão envolvidos de forma direta ou indireta com o artesanato na comunidade.
BRASIL. Portaria nº 1.007-SEI. Institui o Programa do Artesanato Brasileiro, cria a Comissão Nacional do Artesanato e dispõe sobre a base conceitual do artesanato brasileiro. 2018; CAPELLA, A. C. N. Formulação de políticas públicas. Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). Coleção Governo e Políticas Públicas 2018; MOUTINHO, K.; CONTI, L. Análise narrativa, construções de sentido e identidade. Psicologia: teoria e pesquisa. vol. 32, n. 2, p. 1-8, 2016; OLIVEIRA, L. R.; PASSADOR, C. S. Ensaio teórico sobre as avaliações de políticas públicas. Cadernos Ebape. BR, v. 17, p. 324-337, 2019.