Resumo

Como os consumidores e investidores estão cada vez mais exigentes, o ideal é que as organizações integrem as questões ESG em suas práticas, obtendo assim uma agregação de valor aos seus negócios. Pois, é mais seguro investir em uma empresa que adota medidas para mitigar impactos ambientais negativos, pratica a justiça entre seus colaboradores e fornecedores, e prioriza a ética e a transparência em sua administração, do que em uma empresa que não age dentro desses princípios. Com o destaque do ESG nos dias atuais, percebe-se um avanço relevante nos estudos internacionais referentes ao tema.

Levando em consideração que o tema ESG tem se destacado nos dias atuais, percebe-se um avanço exponencial nos estudos internacionais relacionados ao tema (SENADHEERA et al., 2022). No entanto, não há como afirmar se no cenário brasileiro, os pesquisadores têm acompanhado esse crescimento. Portanto, este trabalho tem como escopo responder a seguinte questão: Quais são as características das pesquisas brasileiras sobre a matriz ESG? Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo analisar as principais características das pesquisas brasileiras sobre a matriz ESG.

Nesta seção busca-se apresentar os fundamentos teóricos e evolutivos da sustentabilidade corporativa, os aspectos conceituais das práticas ESG, bem como um levantamento dos principais estudos anteriores de natureza bibliométrica ou de revisão sistemática sobre o tema ESG nas duas últimas décadas do terceiro milênio disponíveis na base Web of Science. Dentre os estudos dessa natureza, destacam-se Gao et al. (2021), Senadheera et al. (2022), Bosi et al. (2022), Ellili (2022), Steblianskaia et al. (2022) e Zhao et al. (2023).

Foi realizado um estudo bibliométrico das publicações na base Web of Science (WoS) no período de 2004 a 2023, utilizando para tratamento dos dados o pacote Bibliometrix, por meio do aplicativo Biblioshiny (versão 4.0), o qual está integrado ao ambiente RStudio (versão 2023.0.0) e ao software R (versão 4.2.1) (R Core Team, 2023).. Entre as etapas da pesquisa foram identificadas as palavras que mais se destacaram nas publicações, os autores mais produtivos, a quantidade de artigos publicados por ano e por periódico, o estrato Qualis-CAPES dos periódicos e o método de pesquisa mais utilizado.

Os resultados obtidos mostram que os pesquisadores brasileiros somente começaram as pesquisas sobre ESG em 2017, a partir de então houve um aumento exponencial culminando com um número maior de publicações em 2022 (13 papers), tendo em vista que em 2023 o recorte da pesquisa considerou apenas os meses de Janeiro e Fevereiro. Entretanto, quando comparado com a produção acadêmica dos demais países, como nos estudos de Senadheera (2021), o número de publicações ainda é considerado bem inferior.

O intervalo de tempo da pesquisa foi a principal limitação encontrada neste trabalho, pois considerando o período de 2004 a 2023, foi possível obter as publicações da base WoS apenas dos meses de Janeiro e Fevereiro do ano de 2023, devido ao curto espaço de tempo disponível para análise e conclusão da pesquisa. Como recomendações para continuidade ou aprofundamento da pesquisa em torno do tema ESG, sugere-se replicar a metodologia em trabalhos futuros abrangendo um período maior, inclusive partindo de uma mescla entre as bases Web of Science e Scopus.

BOSI, M. K.; et al. Sustainability Reporting through Environmental, Social, and Governance: A Bibliometric Review. Sustainability, v. 14, n. 19, p. 12071, 2022. ELLILI, N. O. D.; Bibliometric analysis and systematic review of environmental, social, and governance disclosure papers: current topics and recommendations for future research. Environmental Research Communications, 2022. SENADHEERA, S. S.; et al. The development of research on environmental, social, and governance (ESG): A bibliometric analysis, Sustainable Environment, v. 8: issue 1, 2022.