Resumo

Título do Artigo

O DESEMPENHO ESG MITIGA O RISCO SISTEMÁTICO NO MERCADO BRASILEIRO?
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Tema

Governança e Sustentabilidade em Organizações

Autores

Nome
1 - Maria Letícia Pereira da Silva
Universidade Federal do Ceará - FEAAC
2 - Francisca Yasmin de Aguiar Guedes
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (UFC)
3 - Alessandra Carvalho de Vasconcelos
- Universidade Federal do Ceará Responsável pela submissão

Reumo

A relevância dos objetivos ESG (Environmental, Social and Governance), que promovem práticas sustentáveis e impulsionam o desempenho, tem se tornado cada vez mais significativa no gerenciamento de riscos da firma. A adoção dessas práticas tem sido associada a melhores desempenhos financeiros e aumento da reputação corporativa (Qoyum et al., 2022; Silva & Pontes, 2021). A importância do tema é dada por uma crescente demanda de pesquisas que interpretem a relação entre práticas sustentáveis e o impacto do gerenciamento de risco no contexto de países emergentes (Fernandes & Linhares, 2017).
A questão de pesquisa é: Qual a relação entre o desempenho ESG e o risco sistemático no mercado brasileiro? Para responder o questionamento, o estudo tem como objetivo geral analisar a relação entre o desempenho ESG, de forma agregada ou individual dos fatores, e o risco sistemático das empresas brasileiras listadas na B3. Para tanto, buscou-se: verificar a existência de diferença significativa para o desempenho ESG e seus fatores entre as empresas pertencentes a setores regulados e não regulados e examinar possível associação entre o desempenho ESG e as empresas reguladas e não reguladas.
Apesar de estudos abordarem a relação entre ESG e risco ao redor do mundo e em economias majoritariamente desenvolvidas (Chen et al., 2023; Ferola & Paglia, 2021; Korinth & Lueg, 2022; Sassen et al., 2016; Silva & Pontes, 2021), ainda há carência de análises sobre a relação dos dois constructos no cenário brasileiro. O foco no Brasil é relevante, tendo em vista que se trata de um país que ainda não explora todo o potencial ESG na gestão de riscos (Dozono, 2023), especialmente ao realizar análise descritiva e de associação entre as empresas de diferentes grupos (reguladas versus não reguladas).
A amostra inicial reuniu 80 empresas listadas na B3 que possuíam dados relativos ao desempenho ESG, de forma agregada ou individual dos fatores, de 2017 a 2021 na Refinitiv®. Contudo, tendo em vista que oito empresas não apresentaram o coeficiente Beta no período na Economática®, a amostra final resultou em 72 empresas brasileiras. Para este estudo, foi utilizado o coeficiente Beta como proxy de risco sistemático (Shakil, 2021). Foram aplicadas técnicas de estatística descritiva, testes de diferenças entre médias, análise de correlação e regressão linear múltipla.
Verificou-se a existência de diferenças para o desempenho ESG e seus fatores entre as empresas reguladas e não reguladas, como também foi examinou-se possíveis associações entre o desempenho ESG e as empresas pertencentes a setores regulados e não regulados. A pesquisa sinalizou ainda diferenças significativas entre o desempenho social e de governança entre empresas de setores regulados e não regulados e revelou que as empresas pertencentes a setores não regulados investem de forma moderada em fatores ESG, apresentando uma postura ainda conservadora frente ao assunto.
Os resultados da regressão revelaram que o desempenho ESG influencia negativamente o risco sistemático das empresas. Assim, pode-se inferir que um maior investimento em ações ambientais, sociais e de governança pode resultar na satisfação das necessidades das partes interessadas, construindo uma boa visibilidade da companhia perante os seus usuários, minimizando assim seu risco de mercado. Além disso, os achados atenderam as hipóteses derivadas deste trabalho, nas quais os fatores ambientais, sociais e de governança (desagregados) influenciam negativamente o risco sistemático das empresas.
Fernandes, J. L., & Linhares, H. D. C. (2017). Análise do desempenho financeiro de investimentos ESG nos países emergentes e desenvolvidos. Available at SSRN 3091209. Korinth, F., & Lueg, R. (2022). Corporate sustainability and risk management: the u-shaped relationships of disaggregated ESG rating scores and risk in the German capital market. Sustainability, 14, 5735. Sassen, R., Hinze, A., & Hardeck, I. (2016). Impact of ESG factors on firm risk in Europe. Journal of Business Economics, 86(8), 867-904.