Resumo

Conforme estabelecido por Moreno (2023), a aquicultura emerge como um dos setores de produção de alimentos de origem animal em maior expansão global. Dados recentes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2022) corroboram essa afirmação, indicando que a produção aquícola global atingiu um pico histórico de 122,6 milhões de toneladas em 2020, avaliada em aproximadamente US$ 281,5 bilhões. Este montante compreende 87,5 milhões de toneladas de organismos aquáticos e 35,1 milhões de toneladas de algas marinhas.

Em relação à economia nacional, o setor primário de pescados, que inclui a aquicultura, contribui com cerca de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Contudo, quando se considera a cadeia produtiva de pescados em sua totalidade a contribuição eleva-se para aproximadamente 2% do PIB (OSTRENSKY; BOEGER; CHAMMAS, 2008). Diante deste cenário, emerge a seguinte questão de investigação: Qual é a contribuição da cadeia produtiva da aquicultura para a economia do estado do Ceará? O trabalho teve como objetivo analisar a contribuição da cadeia produtiva da aquicultura para a economia do Ceará.

Vale destacar que a aquicultura não envolve apenas o momento da produção, ela envolve toda a cadeia produtiva dessa atividade. Uma cadeia produtiva é um conjunto de etapas sucessivas pelas quais os insumos passam e vão até o consumidor final (SIDONIO et al., 2012). Ao se trabalhar com a aquicultura entende-se que o conceito mais adequado a utilizar seja o de filière (cadeia de produção). A análise econômica é uma das diversas análises que podem ser realizadas na cadeia produtiva, esta irá avaliar como o valor agregado é criado e distribuído (BELLÙ, 2013).

Neste estudo, utilizou-se como referência de análise o estado do Ceará. Os dados foram coletados no período de junho a dezembro de 2022. Iniciou-se com a coleta dos dados de produção os quais foram obtidos por meio do site do IBGE. A pesquisa sobre as informações relacionadas ao consumo intermediário e valor agregado foi realizada por meio de entrevistas a especialistas, coleta junto a empreendimentos e estudos anteriores. A pesquisa utiliza como metodologia para alcance dos seus objetivos o Método dos Efeitos, cuja estrutura é dividida em 5 (cinco) fases.

Cabe destacar que não foi possível trabalhar com toda a cadeia produtiva da aquicultura, se atendo apenas as etapas de produção e de insumos. No total os dois setores (carcinicultura e piscicultura) contribuem 0,09% para o PIB do Ceará, sendo 0,0880% a participação da carcinicultura e 0,0059% a participação da piscicultura. Ressalta-se que a presente pesquisa pode estar subestimando essa contribuição ao trabalhar apenas com as etapas de produção e de insumos. Ibengwe e Sobo (2016) identificaram o mesmo na Tanzânia quando não consideraram o setor de processamento.

Este estudo buscou avaliar o impacto econômico da cadeia produtiva da aquicultura no estado do Ceará. Os resultados, obtidos na quinta etapa do modelo analítico, mostram que a aquicultura contribui com 0,09% para a economia cearense. Dado que os participantes da cadeia estão gerando receita e valor agregado, conclui-se que o setor é economicamente viável e sustentável. Observou-se que a cadeia produtiva da aquicultura contribui com 1,65% para o PIB da agropecuária. Além disso, constatou-se que 78,38% da renda gerada na aquicultura são distribuídos sob a forma de salários.

BELLÙ, L. G. Value chain analysis for policy making: methodological guidelines and country cases for a quantitative approach. Rome: FAO, 2013. FAO. Food and Agriculture Organization. The State of World Fisheries and Aquaculture 2022. Towards Blue Transformation. Rome: FAO, 2022. IBENGWE, L.; SOBO, F. The value of Tanzania fisheries and aquaculture: assessment of the contribution of the sector to gross domestic product. In: TAYLOR, W. W. et al. (eds.). Freshwater, fish and the future: proceedings of the global cross-sectoral conference. Rome: FAO, Rome; Michigan State University, East Lansing;