Resumo

O debate sobre um modelo de desenvolvimento em que privilegie o equilíbrio entre os pilares econômico, social e ambiental possui, pelo menos, 50 anos. Seguindo a tendência de crescimento apresentada em todo o mundo, o Brasil gera um número crescente de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). O atual sistema de gestão de resíduos sólidos sobrecarrega os orçamentos municipais e gasta-se cada vez mais para tratá-los. O tema está aquecido nos poderes executivo e legislativo, tanto no âmbito nacional quanto estadual.

Ressalta-se que a pandemia da Covid-19 evidenciou a fragilidade humana em diversos campos, inclusive quanto à gestão das cadeias de suprimentos. A pergunta de pesquisa que guiou esta pesquisa é: Como os artigos científicos brasileiros relacionam a gestão de resíduos com a Agenda 2030 e quais ações sugerem para potencializar seu atingimento? Portanto, este artigo visou analisar a relação entre a gestão de resíduos sólidos e a Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), assim como sugerir ações para seu cumprimento.

Os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável que estão contidos na Agenda 2030 podem ser divididos em 5 pilares, sendo eles: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias (People, Planet, Prosperity, Peace e Partnership). Os dados de julho de 2023 retirados do website da Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas indicam a presença de 2024 organizações brasileiras envolvidas com os ODS. Água, saneamento e problemática dos resíduos sólidos figuram entre as áreas com potencial de contribuir para que países do hemisfério sul avancem rumo ao desenvolvimento sustentável.

Realizou-se uma pesquisa teórica e qualitativa. Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura (RIL), ou seja, contempla tanto artigos teóricos quanto artigos teóricos-empíricos em sua análise. Foram abrangidas três bases de artigos publicados em português (Periódicos CAPES, Scielo e Spell). Seguindo o protocolo de busca divulgado por Cronin et al. (2008), critérios de inclusão e exclusão de artigos foram aplicados e ao término das buscas, 26 artigos foram lidos e analisados integralmente. Os 17 ODS foram utilizados como categorias temáticas para agrupamento conforme o conteúdo dos papers.

As sugestões de programas e projetos foram consolidadas e relacionadas com cada um dos 17 ODS. Estas ações possíveis ações para gestão municipal de resíduos sólidos abordam tratativas como fechamento de lixões, implementação de tecnologias sociais, inclusão socioprodutiva de catadores, produção do biogás a partir da digestão anaeróbia, controle de vacinação, número de acidentes e uso de EPI para trabalhadores que trabalham no manejo de RSU, adequar infraestrutura destinação final dos resíduos sólidos urbanos com pontos de entrega voluntária (PEV) e unidades de triagem, entre outras.

Foi elaborada uma síntese das sugestões de programas e projetos para gestão de resíduos sólidos, de acordo com o conteúdo dos artigos analisados (Quadro 1). Desta forma, a presente pesquisa contribui aos gestores públicos e privados que ambicionem adequar suas ações em prol de melhor gestão de resíduos e da sustentabilidade. Academicamente a presente pesquisa contribuiu ao demonstrar a execução de uma revisão integrativa de literatura e evidenciou as características metodológicas dos artigos da área. Por fim, foram sugeridas pesquisas futuras com base nas lacunas identificadas.

Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, ABRELPE. (2022). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2022. Cronin, P., Ryan, F., & Coughlan, M. (2008). Undertaking a Literature Review: a step-by-step approach. British Journal of Nursing, 17(1), 38–43. GRI, Global Reporting Initiative. (2018). Integrando os ODS nos relatórios corporativos: um guia Prático. In Business Reporting on the SDGs (p. 32). United Nations. (2015). Transforming our world: the 2030 agenda for sustainable development.