Resumo

Especificamente o ODS 12 estabelece metas de Consumo e Produção Responsáveis, com foco no uso eficiente dos recursos naturais, redução, reutilização e reciclagem de materiais. Contudo, o alcance desse objetivo e suas respectivas metas dependem da transformação estrutural e dos valores da indústria, de modo a permitir a transição de uma economia linear, baseada no processo e na escassez, para uma economia circular, baseada em visão sistêmica, com foco no valor, na regeneração e na restauração do capital natural (Schroeder et al. 2019).

As atividades desempenhadas pela indústria de transformação apresentam elevada demanda por recursos naturais, alto nível de poluição e riscos ambientais. Com base no exposto, emerge a seguinte questão: Quais os principais aspectos ambientais, sociais e de governança reportados nos relatórios de sustentabilidade das indústrias do setor de materiais básicos da B3? O objetivo desse estudo é explorar e descrever os aspectos ESG divulgados nos relatórios de sustentabilidade das indústrias de materiais básicos em 2021, sob a ótica da EC e da teoria dos Stakeholders.

O modelo de produção convencional, cujo meio ambiente é responsável por fornecer insumos e matérias-primas, bem como pela absorção dos resíduos, não permite o alcance dos ODS, uma vez que estes dependem do esforço coletivo e centrado na eliminação da poluição e do desperdício na produção (Robins & Kumar, 1999). Dessa forma, a transição do modo de produção linear para o modo de produção circular pode ser considerado um propulsor do desenvolvimento sustentável.

A partir de uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva-exploratória, por meio da coleta de dados secundários obtidos a partir dos relatórios de sustentabilidade e sites de 32 empresas de capital aberto com ações listadas na B3 e pertencentes ao setor de materiais básicos, em 2021. A análise das empresas selecionadas foi baseada nos indicadores ESG disponibilizados pela Thomson Reuters Asset4, juntamente com as categorias de análise indicadas pela SASB (Sustainability Accounting Standards Board).

As organizações têm procurado divulgar relatórios ESG para investidores e comunidade em geral. Para Lokuwaduge e Heenetigala (2017) os aspectos ESG devem estar presentes na estratégia empresarial, bem como os stakeholders desempenham importante papel no aperfeiçoamento das políticas socioambientais das organizações. Verificou-se que a maioria das organizações divulgaram informações favoráveis, seus objetivos, metas e práticas de preservação ambiental, redução e reaproveitamento de resíduos, bem como ações sociais efetivas.

De maneira geral, grande parte das empresas pertencem ao subsetor da mineração e do segmento de materiais metálicos. Ao todo, foram observados 19 indicadores ambientais, sociais e de governança, onde grande parte das empresas divulgam informações dos 19 indicadores. Assim, é possível afirmar que as empresas estão, na contemporaneidade, atentas às questões socioambientais e de governança, como uma forma de atender aos interesses de seus stakeholders.

Ellen MacArthur Foundation. (2017). Beyond plastic waste. Science, 358(6365), 843-843. Lokuwaduge, C. S. de S, & Heenetigala, K. (2017). Integrating Environmental, Social and Governance (ESG) Disclosure for a Sustainable Development: An Australian Study. Business Strategy and the Environment, volume 26, issue 4. doi: 10.1002/bse.1927. Robins, N., & Kumar, R. (1999). Producing, providing, trading: manufacturing industry and sustainable cities. Environment and Urbanization, 11(2), 75-94.