Resumo

A revolução industrial impulsionou a produção e o consumo, resultando no aumento da geração de lixo, principalmente eletroeletrônico, prejudicando o meio ambiente. Segundo os dados do relatório The Global Wast Monitor (2020), o Brasil gerou no ano de 2019 mais de 2,1 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico. O Brasil é o 5º maior produtor deste tipo de lixo. No entanto, percebe-se que há falta de descarte adequado dos resíduos, causando danos ambientais. Assim, a legislação nacional atribui responsabilidade aos consumidores, empresas e governos para a gestão adequada dos resíduos.

O problema de pesquisa é: quais as ações executadas pelos consumidores em relação ao descarte correto do lixo eletroeletrônico? Assim, o objetivo foi analisar a responsabilidade dos consumidores em relação ao descarte de lixo eletroeletrônico. Especificamente, pretendeu-se analisar as ações e o engajamento do consumidor nas questões do descarte do lixo eletroeletrônico, e a percepção dos consumidores em relação as ações do poder público municipal e das empresas produtoras de eletroeletrônicos no Brasil.

Segundo Cai et al. (2020) e Cardeal, Souza e Santos (2021) o aumento do consumo de produtos eletrônicos resultou em um grande volume de lixo eletrônico global, apresentando riscos ambientais e para a saúde. Os resíduos eletrônicos contêm substâncias tóxicas, exigindo uma gestão adequada para minimizar riscos. Os consumidores desempenham um papel crucial na responsabilidade compartilhada, separando o lixo eletrônico do comum e buscando opções de logística reversa (COELHO et al., 2021; SOUZA; ROCHA, 2023).

A pesquisa é quantitativa descritiva. Utilizou-se um questionário online com 142 participantes, abordando os tipos de eletroeletrônicos descartados, percepções sobre atuação governamental e sugestões de melhoria no descarte. A coleta de dados ocorreu entre março e junho de 2023. A análise dos dados utilizou tabelas e gráficos, conforme a metodologia de Gil (2007) e Mattar (2012). Os participantes foram recrutados por meio das redes sociais, com consentimento informado e ética aprovada.

A pesquisa contou com 142 participantes, sendo que 134 já descartaram objetos eletroeletrônicos. Eles descartaram itens como celulares e computadores, muitas vezes no lixo comum ou os guardam em casa. A busca por informações sobre o descarte é limitada, contudo os participantes apresentam certa consciência dos danos ambientais do descarte inadequado do lixo eletroeletrônicos. A maioria não sabe sobre ações do poder público municipal ou empresas responsáveis da destinação do lixo eletroeletrônico, mas apresentam que estes devem ser os mais responsáveis pelo descarte correto.

Destaca-se a necessidade de conscientização dos consumidores sobre o descarte correto. Quanto às empresas, sugere adotar políticas para promover o descarte correto, fomentando a transparência e a conscientização. Já para o governo municipal, a responsabilidade inclui políticas eficazes, facilitação de pontos de coleta e campanhas de conscientização para mitigar danos ambientais. Futuros estudos sugerem análises comparativas entre estados, regiões e países, incluindo aspectos quantitativos e qualitativos sobre o impacto do lixo eletrônico na saúde e no meio ambiente.

ARENHARDT, D. L. et al. Comportamento, atitudes e consciência ambiental quanto ao descarte de telefones celulares: um estudo quantitativo na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, v. 9, p. 43-60, 2016. CAI, K. et al. Uncovering residents’ behaviors, attitudes, and WTP for recycling e-waste: a case study of Zhuhai city, China. Environmental Science and Pollution Research, v. 27, p. 2386-2399, 2020.