Resumo

No âmbito dos desafios complexos que o século XXI tem apresentado para as organizações e para a sociedade, encontram-se temas como: responsabilidade social corporativa, sustentabilidade e inclusão, que se apoiam em termos sociais, ambientais e econômicos; e o sucesso em enfrentar essas questões depende, em grande parte, do sistema educacional, por meio da construção de um pensamento crítico, de um fazer coletivo e solidário, da interdisciplinaridade, da multiplicidade (LEMES; SANTOS, 2021).

Nas últimas décadas, as políticas públicas educacionais brasileiras vêm atuando em algumas frentes e culminou, em 2016, na reserva de vagas destinadas a estudantes com deficiência nas universidades federais. Essa demanda, no campo do ensinar e aprender, mobiliza os/as docentes em suas práticas, dadas as especificidades formativas desse alunado, de acordo com os diferentes cursos. Assim, o objetivo principal deste estudo é identificar e analisar quais são os facilitadores, as barreiras e os desafios acerca da inclusão de estudantes com deficiência no Ensino Superior em Contabilidade e Finanças.

Educação Inclusiva pressupõe igualdade de oportunidades e valorização das diferenças humanas. Assim, deve constituir-se, primordialmente, em educação, com as mesmas finalidades para pessoas com e sem deficiência. Estar diante de um estudante que demanda recursos e técnicas diferenciadas de ensino enseja o redirecionamento do olhar para a formação e atuação de docentes universitários, no tocante ao pensar e agir do/a professor/a no ato de planejar, ensinar, aprender e avaliar (MELO; ARAÚJO, 2018).

O presente estudo trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, de cunho qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas, organizadas em um roteiro desenvolvido a partir da fundamentação teórica que ampara esta pesquisa, com a participação de 20 docentes atuantes na graduação de Ciências Contábeis e Administração de duas Instituições Federais de Ensino Superior localizadas no Estado do Rio de Janeiro. As entrevistas foram realizadas nos formatos remoto e presencial, no período de 05/10/2022 a 15/12/2022. Para leitura dos dados, optou-se pela técnica Análise de Conteúdo de Bardin.

Há duas frentes atuando no processo de inclusão: esfera governamental/institucional, relacionadas às políticas públicas e às ações de acessibilidade nas IFES; e outra frente pedagógica, a cargo dos/as docentes e técnicos administrativos em atividades com estudantes com deficiência. Os principais facilitadores, barreiras e desafios identificados no processo inclusivo foram agrupados em quatro campos de atuação: institucional, pedagógico, social e profissional, resultando em uma gama de ações e de agentes que precisam atuar em conjunto para que o processo de inclusão possa se efetivar.

Ressalta-se que o processo de inclusão de estudantes com deficiência no Ensino Superior em Contabilidade e Finanças, trata-se de um processo em andamento nas IFES e que, embora necessite de substanciosos aprimoramentos, em diversos aspectos, para que as universidades assegurem além do acesso, a permanência e a participação de todos/as os/as estudantes, já produz algumas ações que permitem demonstrar que se trata de um processo exequível, pensado para o/a estudante com deficiência, fruto de experiências (e circunstâncias) vividas com esse público no decorrer do tempo.

LEMES, Isadora Luiz; SANTOS, Renato Pires dos. A educação 4.0: um estudo de caso acerca da formação de professores para enfrentamento dos desafios do século XXI. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Matemática, v. 4, n. 1, p. 82–100, 2021. MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de; ARAÚJO, Eliana Rodrigues. Núcleos de Acessibilidade nas universidades: reflexões a partir de uma experiência institucional. Psicologia Escolar e Educacional, v. 22, n. Num. Esp., p. 57–66, 2018.