Resumo

A pandemia de COVID-19 forneceu ao mundo o que é uma crise multidimensional em escala planetária. A pandemia também destacou o imperativo de fortalecer e transformar nossos sistemas de saúde para que estejam preparados para futuras pandemias, bem como para outros grandes desafios de saúde do século XXI, incluindo as mudanças climáticas. Atualmente, as mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde que o mundo enfrenta neste século (WHO, 2019). A saúde tem uma pegada climática significativa e contribui de forma importante para a crise climática.

O uso de fontes de emissões relacionadas às mudanças climáticas nos serviços de saúde compreende 84% de todas as emissões climáticas do setor. Isso inclui a operação das unidades de saúde, a cadeia de suprimentos, e toda a economia do setor saúde em geral . Em um cenário de operação usual (BAU, sigla em inglês para business as usual), a pegada climática da área da saúde triplicará entre agora e 2050 (KARLINER, J., et al, 2022). Cujo objetivo é analisar a produção cientifica brasileira e internacional sobre a pegada climática e cuidados de saúde na base de dados SCOPUS e Web Of Science.

As mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde que o mundo enfrenta neste século (WHO, 2019). Face às alterações climáticas, o setor da saúde terá de enfrentar as crescentes consequências para a saúde em todo o mundo (LINDHOLM et al 2023).As alterações climáticas estão a ter consequências cada vez mais frequentes, generalizadas e graves impactos negativos na saúde física e mental das pessoas (KARLINER, J., et al, 2022). Os efeitos das mudanças climáticas futuras na morbidade e na mortalidade prematura serão amplos e dramáticos (KARLINER, J., et al, 2020).

A bibliometria possibilita a observação do estado da arte de toda a produção científica registrada em uma base de dados. É um método que permite situar um país em relação ao mundo, uma instituição em relação a um país, e cientistas individuais em relação às próprias comunidades científicas (SOARES; et al., 2016). Neste sentido, na presente pesquisa foram levantados dados de produção científica brasileira e internacional baseada em artigos publicados em periódicos indexados na base de dados Web of Science e Scopus.

Com início em 2003, com três publicações, observa-se uma tendência de crescimento na produção científica mundial em relação à pegada climática do setor saúde, haja vista o avanço das mudanças climáticas e seus impactos nos sistemas de saúde e vice-versa, em face do aumento dos agravos na saúde da população por fatores climáticos. Ressalte-se que a partir de 2020, em ambas as bases de dados, temos uma curva de crescimento consistente, saindo de 6,5% em 2020 para 29,6%, chegando a 223 documentos em 2022. Tal situação pode ter ocorrido em virtude das condições de saúde impostas pela COVID-19.

O presente estudo buscou por meio da bibliometria compreender a produção científica sobre a pegada climática do setor de saúde, analisando a produção científica brasileira em relação aos demais países. Neste sentido, o Brasil em comparação com os demais países, a despeito da sua grande participação na pegada climática do setor, ainda é incipiente no aspecto de produção científica sobre as contribuições do setor saúde para mitigação do impacto das mudanças climáticas.

ANDY, Haines et al. Climate change and human health: impacts, vulnerability and public health. Public health, v. 120, n. 7, p. 585-596, 2006. BHATIA, Pankaj et al. Greenhouse gas protocol product life cycle accounting and reporting standard. 2011. DE MEDEIROS, José Mauro Gouveia; VITORIANO, Maria Albeti Vieira. A evolução da bibliometria e sua interdisciplinaridade na produção científica brasileira. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 13, n. 3, p. 491-503, 2015.