Resumo

O Brasil apresenta aumento da demanda energética nas últimas décadas. A matriz energética do país é composta 60% de fontes não-renováveis, com predominância do uso de petróleo e gás natural. O setor de transporte é responsável pelo consumo de 70% dessas fontes. Dado o cenário de mudanças climáticas, os veículos elétricos podem ser potenciais para a redução de emissão de GEE no país.

O avanço do mercado de eletrificação de veículos, porém, é barrado pelo seu alto preço do produto. Esse trabalho busca avaliar os custos recorrentes desse meio de transporte para demonstrar vantagens financeiras e ambientais com potencial de estimular medidas regulatórias e investimentos para a sua disseminação.

Mobilidade elétrica é todo tipo de deslocamento realizado com uso de motor elétrico como fonte primária ou secundária. Cerca de 0,2% da frota brasileira é eletrizada. Os modelos de veículos elétricos disponíveis são: Elétrico Híbrido (HEV); Elétrico Híbrido Plug-in (PHEV); Elétrico a Bateria (BEV); e o Elétrico a Célula Combustível (FCEV). O Brasil tem à disposição para venda apenas os modelos BEV, PHEV e HEV, que têm autonomia média de 43,6 km e máx. de 528,0 km. O Brasil ainda tem poucos postos de carregamento, além do problema de concentração destes postos na região sul do país.

Os dados foram obtidos por fontes confiáveis, em especial de agências governamentais, e tratados em modelo matemático desenvolvido pelo autor no software Excel da Microsoft. O trabalho analisou os seguintes sujeitos e amostras: veículos leves de uso particular nas categorias Grande e SUV Grande à venda no Brasil em 2023 (combustão por etanol ou gasolina comuns, híbrido, plug-in e elétrico); tarifas de energia elétrica (comum e branca) operadas pelas distribuidoras de cada Estado brasileiro; realidade brasileira de regulação e infraestrutura relativa aos postos de carregamento.

A redução do custo por km dos veículos elétricos comparados à combustão é de 8,9% para Extra Grandes e 5,5% para SUV. Os PHEV e BEV podem atingir reduções de 18% a 80% a depender do Estado brasileiro. A redução da emissão de GEE é de 30 a 100% para PHEV e BEV. Os HEV têm reduções menores que dependem da lógica interna do motor. Verificou-se que há potencial de aumento das vantagens financeiras a partir da economia com combustível (avaliada por VPL e retorno por Selic/2023) e da chamada Tarifa Branca (redução do custo da energia ordinário para carregamentos de veículos em horário fora ponta).

Para além da significativa redução de emissão de GEE, o trabalho demonstrou que o uso de veículos elétricos tem potencial de redução do custo recorrente por km rodado se comparado aos veículos por combustão. Porém, para disseminar esse produto menos poluente no Brasil, são necessárias medidas regulatórias e de investimento de otimização do seu, por exemplo: adaptação da rede elétrica; aumento e distribuição igualitária de postos de recarregamento no país; incentivos para recarga fora do horário de pico, com o objetivo de reduzir ainda mais o custo recorrente desses veículos.

CARVALHO, Carlos H. R. Emissões Relativas De Poluentes Do Transporte Urbano. Brasília: IPEA – Boletim Regional, Urbano e Ambienta, Junho de 2011. INMETRO. Veículos Leves 2023 – 15º Ciclo. Disponível em: https://www.gov.br/inmetro/pt-br/assuntos/avaliacao-da-conformidade/programa-brasileiro-de-etiquetagem/tabelas-de-eficiencia-energetica/veiculos-automotivos-pbe-veicular/pbe-veicular-2023.pdf/view. Acesso em: 23/08/2023. 2023. PNME. 2º Anuário Brasileiro de Mobilidade Elétrica: O Brasil em direção ao mix de tecnologias para a descarbonização e digitalização dos transportes. Novembro, 2022.