Resumo

No mês de março de 2020 a OMS anunciou a Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional com a propagação rápida em todo o globo da enfermidade nomeada de COVID-19 e definida como pandemia. A capacidade de um Hospital Universitário para tratar casos referentes ao SARS-CoV-2 pode ser limitada e em qualquer período, inclusive durante a pandemia, os recursos são finitos e é imprescindível o melhor uso desses insumos, de modo que se torna importante avaliar permanentemente a eficiência das instituições, as quais podem, para isso, maximizar os resultados e minimizar o consumo de recursos.

Questão de pesquisa: Como se comportou a eficiência dos Hospitais Universitários Federais no contexto da pandemia? Objetivo geral: analisar a eficiência dos Hospitais Universitários Federais no contexto da pandemia. Objetivos específicos: comparar a eficiência dos Hospitais Universitários Federais de 2019, 2020 e 2021; avaliar os ganhos e as perdas de eficiência dos HUFs no contexto da pandemia (2020 e 2021), tomando como base o ano de 2019; e agrupar os HUFs considerando os escores de eficiência, as variações de eficiência produtiva e o porte, o tipo de gestão e a região geográfica.

O HU além de campo de treinamento em saúde, oferece atendimento médico de média e de alta complexidade. Os HUs passaram por diversas tentativas de modernização, dentre as quais foi criada pelo Governo Federal a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) com o objetivo de operacionalizar o conjunto de medidas para reestruturar os HUs. Os trabalhos já publicados até o momento apresentam características similares ao abordar a eficiência de instituições hospitalares utilizando a Modelagem DEA. Porém, este trabalho buscou utilizar o espaço temporal antes e durante a pandemia.

Utilizou-se da técnica de análise envoltória de dados (DEA) para calcular a eficiência relativa de 43 HUFs, de 2019 a 2021, e utilizou-se o Índice de Produtividade de Malmquist (DEA/IPM) para identificar os ganhos e as perdas de eficiência no contexto pandêmico (2020/2021). Também foi realizada a análise de clusters para agrupar os HUFs segundo os escores de eficiência e variações de produtividade.

Os resultados apontaram que as instituições da amostra ganharam eficiência durante a pandemia, ou seja, não houve impacto na eficiência de um modo geral. A variável com maior potencial de melhoria foi a taxa de permanência. Observou-se que os HUFs da região Centro-Oeste apresentaram maior média de eficiência em 2019 e 2020, e, em 2021, os HUFs da região Norte. Os HUFs de pequeno porte foram mais eficientes do que os de médio e grande porte. Constatou-se que os hospitais da amostra que possuem Rede Própria são mais eficientes do que os HUFs da Rede EBSERH.

Dentre as contribuições que este estudo pode trazer, o Estado, como mantenedor dos HUs, pode estabelecer metas operacionais a serem buscadas pelos gestores e colaboradores dos HUFs que podem, com base nas melhores práticas das entidades que apresentaram eficiência e ainda, buscar igualmente alcançar a fronteira de eficiência. Por sua vez, a sociedade, destinatária desses serviços de saúde pública, será a principal beneficiada da melhoria desse serviço, sobretudo a parcela mais carente da população, o principal grupo de usuários dos serviços de saúde pública.

LINS, M. E. et al. O uso da Análise Envoltória de Dados (DEA) para avaliação de hospitais universitários brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 4, p. 985-998, 2007. LOBO, M. S. C. et al. Análise envoltória de dados dinâmica em redes na avaliação de hospitais universitários. Revista de Saúde Pública, v. 50, p. 22, 2016. MOTA, S. C.; OLIVEIRA, A. R. V.; VASCONCELOS, A. C. Eficiência Do Atendimento Assistencial Nos Hospitais Universitários. Contabilidade Vista & Revista, v. 32, n. 3, p. 242-266, 2021.