Reumo
O artigo investiga as práticas de gerenciamento de resíduos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e seu alinhamento com o objetivo 3 da Agenda dos Hospitais Verdes e Saudáveis. Nesse estudo é examinado a interdependência entre saúde ambiental e humana, destacando a importância da gestão adequada dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) para preservar a saúde pública e o meio ambiente. O Brasil enfrenta desafios significativos na gestão desses resíduos, apesar das diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O HC-UFU, uma das maiores instituições de saúde do Brasil, é o foco deste estudo, que visa investigar suas práticas de gerenciamento de resíduos e seu alinhamento com as diretrizes ambientais.
No quesito metodológico, a pesquisa é descritiva e qualitativa, utilizando um estudo de caso no HC-UFU. Três fases metodológicas principais foram empregadas: pesquisa documental de relatórios e documentos do HC-UFU, revisão bibliográfica sobre a gestão de resíduos em hospitais e estudo de caso no HC-UFU, analisando dados qualitativos sobre as práticas de gerenciamento de resíduos.
É valido ressaltar que os resíduos são classificados em diferentes grupos (A, B, D, E), cada um com tratamentos específicos: Grupo A (Biológicos) inclui resíduos com presença potencial de agentes biológicos, tratados principalmente por autoclave; Grupo B (Químicos) envolve resíduos farmacêuticos e químicos perigosos, geralmente incinerados; Grupo D (Comuns) abrange recicláveis secos e rejeitos, com materiais recicláveis sendo enviados para reciclagem e rejeitos destinados a aterros sanitários; e Grupo E (Perfurocortantes) inclui materiais como agulhas e lâminas, que são tratados sem incineração.
Em termo dos dados coletados, ficou evidente um aumento significativo na quantidade de resíduos gerados e tratados entre 2022 e 2023: o volume de resíduos biológicos tratados por autoclave aumentou de 133.718,4 kg para 245.049,4 kg; os resíduos perfurocortantes cresceram de 13.959,5 kg para 19.363,3 kg; a quantidade de resíduos farmacêuticos e químicos perigosos incinerados subiu de 11.514,8 kg para 18.505,1 kg; e a reciclagem de resíduos secos não orgânicos aumentou de 35.785 kg para 55.640 kg.
O HC-UFU está em conformidade com as diretrizes da RDC Nº 222 de 2018 da ANVISA e com a PNRS, mas enfrenta desafios contínuos, especialmente nesse aumento da geração de resíduos. O estudo sugere a implementação de medidas para reduzir a geração de resíduos na fonte e aumentar a eficiência das práticas de reciclagem e tratamento. Além disso, o estudo oferece um modelo robusto de gestão de resíduos que pode ser replicado por outras instituições de saúde, contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e o ODS 6 (Água Limpa e Saneamento).
Nesse sentido, as práticas do HC-UFU demonstram o compromisso com a sustentabilidade ambiental e a saúde pública, alinhando-se às melhores práticas globais. Além disso, a gestão de resíduos no HC-UFU está alinhada com as diretrizes da Rede Global de Hospitais Verdes e Saudáveis, mas há espaço para melhorias contínuas. Para isso é necessária uma gestão eficiente e responsável dos resíduos hospitalares para mitigar impactos ambientais e promover a saúde pública.
Para futuros estudos, recomenda-se a padronização dos registros de resíduos e a implementação de tecnologias de monitoramento em tempo real para melhorar a precisão dos dados. Por fim, esse estudo oferece uma visão abrangente das práticas de gerenciamento de resíduos no HC-UFU, enfatizando a importância da conformidade com diretrizes ambientais e de saúde pública, e sugerindo melhorias contínuas para otimizar a gestão de resíduos e contribuir para a sustentabilidade ambiental.