Resumo

Título do Artigo

Instituições de Ensino Superior como Agentes de Mudança para transições em sustentabilidade
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Tema

Estratégia para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Noah Emanuel BritoTeles
- PPGADM UFPR Responsável pela submissão
2 - Sieglinde Kindl da Cunha
- Programa de Mestrado e Doutorado em administração
3 - Carla Cristine Silva Lopes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGADM/UFPR)

Reumo

Os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, escassez de recursos naturais, alterações demográficas e pobreza, demandam novas soluções e estilos de vida sustentáveis Blanco-Portela et al. (2018 e Radinger-Peer; Pflitsch (2017). Essas soluções exigem transformações estruturais profundas em diversas áreas, incluindo mobilidade, fornecimento de energia e água, que frequentemente ocorrem ao longo de longos períodos. A complexidade dessas transformações requer a participação de múltiplos atores heterogêneos, com conhecimentos e competências específicos e as Instituições de Ensino Superior (IES) são destacadas na literatura como agentes de mudança essenciais nas transições para a sustentabilidade Radinger-Peer et al. (2021). Transições para a sustentabilidade resultam de processos complexos e dinâmicos, moldados por diversos atores e envolvem mudanças sociais, tecnológicas, institucionais e econômicas necessárias para alcançar a sustentabilidade Dobson (2019 e Geels; Schot (2007). A perspectiva multinível das transições (MPL) é uma abordagem chave nessa pesquisa, enfatizando que o alinhamento das trajetórias dentro e entre os níveis analíticos resulta em transições Geels (2002 e Radinger-Peer et al. (2021). A MPL define as transições como processos não lineares decorrentes da interação entre três níveis: paisagem (macro), regime (meso) e nichos (micro) Geels (2002 e Horan et al. (2019). Este ensaio discutiu o papel das IES em sua atuação como agentes de mudança para transições em sustentabilidade. A partir de uma revisão problematizadora Alvesson; Sandberg (2020), o estudo analisa criticamente a literatura existente para gerar novas perspectivas sobre o fenômeno, propondo a construção de relações teórica para orientar estudos empíricos na área. Em síntese, as reflexões teóricas permitiram argumentar que as IES podem atuar como agentes de mudanças trazendo contribuições para as transições de sustentabilidade por meio ações associadas a suas atividades de ensino, pesquisa, extensão e de gestão universitária. No ensino é possível reformar a estrutura curricular Horan; O’regan (2021 e Serhan; Yannou-Lebris (2021), inovar nas metodologias de ensino da sustentabilidade e engajar os alunos para mudanças mais sustentáveis Radinger-Peer; Pflitsch (2017). Em extensão as IES podem desenvolver projetos que apoiem o desenvolvimento regional e participar de iniciativas comunitárias Radinger-Peer et al., (2021) Na pesquisa elas contribuem através do desenvolvimento de novas metodologias e a tradução do conhecimento para atender demandas sociais e ambientais Sidiropoulos (2022). Na gestão universitária, as IES podem integrar práticas de governança sustentável, uso consciente de recursos e participação em redes e alianças que promovem a sustentabilidade Filho et al. (2019 e Horan; O’regan (2021 e Radinger-Peer et al. (2021). Defende-se que, sob a lente da MPL das transiçõe, as IES podem atuar como atores de nicho, facilitando pressões da paisagem, desestabilizações no regime atual e criando janelas de oportunidade para mudanças transformadoras que contribuem para transições em sustentabilidade. As ações de sustentabilidade das IES, vistas como práticas de nicho, facilitam a aceleração das transições sustentáveis dos sistemas sociotécnicos nacionais. As IES atuam por meio de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias inovadoras disruptivas, além de promoverem atividades de ensino, extensão e gestão voltadas para a sustentabilidade Horan et al. (2019 e Lozano et al. (2021). Os campi universitários são como "living labs" para testar e demonstrar soluções sustentáveis que podem ser aplicadas à sociedade em geral, dada sua semelhança com pequenas cidades em termos de tamanho e complexidade Horan; O’regan (2021). As ações de nicho lideradas pelas IES também facilitam pressões da paisagem sobre os regimes atuais ao socializar indivíduos nacionalmente e promover mudanças culturais e políticas por meio da educação para o desenvolvimento sustentável, formando futuros líderes aptos a lidar com problemas sociais e ambientais. Essas pressões podem criar oportunidades para inovações de nicho Horan et al. (2019) que contribuem para as transições em sustentabilidade a longo prazo. ALVESSON, M.; SANDBERG, J. The Problematizing Review: A Counterpoint to Elsbach and Van Knippenberg’s Argument for Integrative Reviews. Journal of Management Studies, v. 57, n. 6, p. 1290–1304, 2020. BLANCO-PORTELA, N.; R-PERTIERRA, L.; BENAYAS, J.; LOZANO, R. Sustainability Leaders’ Perceptions on the Drivers for and the Barriers to the Integration of Sustainability in Latin American Higher Education Institutions. Sustainability, v. 10, n. 8, p. 2954, 2018. DOBSON, J. Reinterpreting urban institutions for sustainability: How epistemic networks shape knowledge and logics. Environmental Science & Policy, v. 92, p. 133–140, 2019. FILHO, W. L.; WILL, M.; SALVIA, A. L.; et al. The role of green and Sustainability Offices in fostering sustainability efforts at higher education institutions. 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