Resumo

Título do Artigo

O trabalho dos atores de transição para a contribuição das Instituições de Ensino Superior em transições de sustentatbilidade
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Tema

Estratégia para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Noah Emanuel BritoTeles
- PPGADM UFPR Responsável pela submissão
2 - Sieglinde Kindl da Cunha
- Programa de Mestrado e Doutorado em administração
3 - Carla Cristine Silva Lopes
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGADM/UFPR)

Reumo

Nos últimos anos, a tentativa de alcançar caminhos mais sustentáveis orientou diversas discussões em torno de como usufruir dos recursos naturais, e, ao mesmo tempo, garantir que esses recursos permaneçam para a subsistência de gerações futuras. Os desafios para lidar com os problemas sociais e ambientais contemporâneos são inúmeros e exigem o envolvimento e participação de vários atores sociais Radinger-Peer; Pflitsch (2017). A literatura destaca que várias Instituições de Ensino Superior (IES) têm participado importantes agente de mudança, implementando práticas para a redução e o uso sustentável dos recursos naturais, construção de edifícios mais sustentáveis e descarte adequado de resíduos Blanco-Portela et al. (2018 e Filho et al. (2021). Além disso, observam-se práticas educacionais associadas ao desenvolvimento sustentável, como a inclusão de disciplinas e/ou conteúdos relacionados ao desenvolvimento sustentável Butt et al. (2014 e Lozano et al. (2013). Apesar de estudos mostrarem que as IES podem atuar como agentes de mudança para transições em sustentabilidade Radinger-Peer et al. (2021 e Radinger-Peer; Pflitsch (2017), a literatura que contribui para os estudos de transição no campo universitário ainda é escassa. Além disso, os estudos de transição exigem uma visão mais fluida sobre os papéis dos atores e seu potencial para realizar mudanças Galeano Galvan et al. (2020). Embora a agência desempenhe um papel crucial nos processos de transição Geels (2002), há críticas que mostram que esse papel foi pouco explorado nos estudos de transição Becker et al. (2021). Nesse contexto, este ensaio buscou trazer discussões, a partir de um estudo de revisão de literatura Alvesson; Sandberg (2020) que relaciona o trabalho institucional dos atores de transição nas IES para criação de instituições que contribuem para transições em sustentabilidade. Os atores de transição são pessoas ou organizações que intencionalmente ou não, podem ser considerados agentes de mudança para tornar a sociedade mais sustentável Sørensen et al. (2018). O trabalho institucional é visto como “uma ação intencional inteligente e situada”, que destaca a consciência, as habilidades e a reflexividade dos atores individuais e coletivos. A atuação racional dos atores, significa que eles são capazes de trabalhar com lógicas presentes no campo ou na adequação institucional delas Lawrence; Suddaby (2006, p. 219). O trabalho de criação de instituições está relacionado às práticas aplicadas pelos atores para formação de novas instituições ou para a adaptação de existentes. A agência nas transições sustentáveis refere-se ao papel dos atores como transformadores de sistemas sociotécnicos, impulsionados por seus interesses e expectativas em relação à sustentabilidade Sørensen et al. (2018). A atuação das IES nesse contexto é marcada por ações decisivas de atores individuais e grupos comprometidos com a sustentabilidade Radinger-Peer et al. (2021). A partir das reflexões teóricas realizadas neste estudo, observa-se que os atores de transição podem se desenvolver os seguintes tipos de trabalho institucional: O trabalho de advocacia que envolve fazer lobby, proposição de agendas e alocação de recursos para criar políticas e parcerias que promovam práticas sustentáveis. O trabalho de definição relacionado à acreditação e certificação das IES em programas e rankings globais de sustentabilidade. O trabalho de construção de identidades a partir da conscientização e estímulo de novos valores entre estudantes e à participação em iniciativas de sustentabilidade. O trabalho de alteração de associações normativas que envolve adaptar práticas sustentáveis às lógicas institucionais existentes, promovendo mudanças normativas. O trabalho de teorização e educação que é a criação de novos conceitos e crenças sustentáveis e a educação dos atores nas habilidades necessárias para implementar novas práticas e valores sustentáveis no campus. Ressalta-se que toda ação, derivada do trabalho institucional dos atores, mesmo que com boas intenções para realizar mudanças sociais, ainda estão condicionadas a existências de estruturas institucionalmente impostas na sociedade. O poder de agência de atores individuais ou coletivos, não depende apenas de suas motivações para que a mudança de fato ocorra Fuenfschilling; Truffer (2016), pois seu trabalho é realizado dentro de um contexto que nem sempre favorece as transições em sustentabilidade. Por fim, acredita-se que as discussões presentes neste ensaio podem orientar investigações empíricas que buscam compreender a inserção de práticas de sustentabilidade nas IES, sugerindo algumas explicações teóricas que mostram com os atores podem atuar para gerar mudanças que favoreçam transições em sustentabilidade. ALVESSON, M.; SANDBERG, J. The Problematizing Review: A Counterpoint to Elsbach and Van Knippenberg’s Argument for Integrative Reviews. Journal of Management Studies, v. 57, n. 6, p. 1290–1304, 2020. BECKER, S.; BÖGEL, P.; UPHAM, P. The role of social identity in institutional work for sociotechnical transitions: The case of transport infrastructure in Berlin. Technological Forecasting and Social Change, v. 162, 2021. BLANCO-PORTELA, N.; R-PERTIERRA, L.; BENAYAS, J.; LOZANO, R. Sustainability Leaders’ Perceptions on the Drivers for and the Barriers to the Integration of Sustainability in Latin American Higher Education Institutions. 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