Reumo
Os Bancos Comunitários de Desenvolvimentos (BCDs) têm se destacado como instrumento na promoção do desenvolvimento econômico e social em comunidades de baixa renda. São consideradas práticas de micro-finanças e os estudos mostram que estas têm sido vistas como uma das ferramentas mais importantes para a diminuição da pobreza, especialmente em países em desenvolvimento. Nesse cenário, essa investigação propõe aprofundar a compreensão sobre os BCDs e o potencial destes enquanto instrumento de políticas públicas. Assim, o questionamento que norteia esta pesquisa é: como as práticas dos BCDs se configuram como instrumentos de promoção de desenvolvimento em seus territórios? Para responder a esse questionamento, o trabalho realizou em 2023 o mapeamento e alcançou 76 bancos, sendo que 55 destes indicaram estar ativos à época. O levantamento compreendeu a aplicação, por meio de vídeo-conferência, de um questionário estruturado elaborado por um grupo de pesquisadoras/es. Os resultados da análise descritiva mostram que os bancos nascem sobretudo a partir das necessidades das comunidades onde estão inseridos. A maioria desses bancos se organizam juridicamente por meio das associações comunitárias locais, o que reforça que essas iniciativas surgem no contexto de outras causas já existentes nos territórios, causas essas conduzidas por associações locais e outros movimentos já existentes. Nesse contexto, é comum que os bancos sejam constituídos entre os demais projetos dessas organizações locais, que terminam não constituindo outra organização para atender exclusivamente ao banco. A grande parte dos bancos comunitários atua em um contexto em que existe oferta de serviços bancários por meio de outras instituições. Contudo, isso não significa, necessariamente, que as pessoas têm acesso a todos os serviços bancários ofertados, considerando que instituições tradicionais, por vezes, estabelecem critérios de seleção que impedem alguns públicos de acessar seus serviços. Além de demonstrar como esses bancos estão imbricados com outras organizações e lutas do território, os resultados mostram que os bancos comunitários contribuem para a ampliação dos espaços de gestão social e democrática dentro do território, sendo "escolas de cidadania", do exercício da busca por direitos e do cumprimento de deveres. Uma observação importante é que os BCDs poderiam modificar a sua política de remuneração, ampliando a prática de pagamento por meio de moedas sociais, o que pode potencializar os ganhos trazidos por esse instrumento de finanças solidárias. Novos estudos podem buscar ampliar o alcance a outros bancos que existem, por exemplo, nos estados que não conseguimos contato com os BCDs. Outro tipo de estudo futuro, é avaliar em algumas das experiências locais os impactos que estes bancos têm no território, com base na percepção das pessoas da comunidade.