Reumo
Segundo o IPEA (2023), houve uma evolução considerável de estabelecimentos religiosos no Brasil entre 2000 e 2021. Ainda, Fernandes (2024), com base em levantamentos, registra que existem aproximadamente 580 mil estabelecimentos religiosos no Brasil. Diante de expressivo crescimento, é comum a compreensão de que uma grande parcela de adeptos mantém tais organizações com suas: doações, ofertas e dízimos, relacionando-se, também, com algum tipo de consumo. Segundo pesquisa de Bundwini e Lappeman (2018), sobre o consumo em relação ao varejo de uma igreja, os mesmos consideram que o tempo e o eterno estão se cruzando entre transações econômicas e financeiras envolvidos pela religião e o comércio. Fischer (2016), relata que existe um mercado religioso e que nas últimas duas décadas esse mercado está sendo caracterizado por novas maneiras de regulação, certificação e padronização numa proporção global. Em matéria publicada por Henrique (2024), aqui no Brasil, um pastor do PCC acumulou um patrimônio de R$ 6 milhões lavando dinheiro através de igrejas. Uma ação foi movida contra a Igreja Universal de um empresário que doou mais de R$ 22 milhões, alegando que a igreja teria se aproveitado do empreendedorismo dele para arrecadar dinheiro e fazer doações. (Nascimento, 2022) Perante a problemática envolvida questiona-se: qual é a percepção dos fiéis quanto a medidas anticorrupção através de compliance e governança eclesial em organizações religiosas? Como objetivo, investigar a percepção dos fiéis quanto medidas anticorrupção através de compliance e governança eclesial em organizações religiosas. Tendo isto posto na contextualização do problema, e algumas evidências na literatura e ainda conjuntura atual no país quanto as organizações religiosas é que essa pesquisa procura contribuir com insights dos membros religiosos nesse contexto. Através da economia da religião os autores Patrikios & Xezonakis (2019), chegam a conclusão da importância de uma regulação da religião para melhorar as instituições políticas. Assim, existe um consenso de crescimento econômico religioso estar associado ao consumo em um mercado religioso, seja ela qual for a religião. Esta pesquisa observou na percepção dos fiéis que fazem suas doações e contribuições sejam elas monetárias e não monetárias, em suas respectivas entidades religiosas que frequentam com assiduidade se medidas anticorrupção tais como; compliance e governança eclesial são percebidas como aceitáveis e contundentes. A pesquisa tem característica com base em dados primários, tendo um aspecto quantitativo através dos tratamentos estatísticos na forma descritiva. O campo de estudo são as organizações religiosas em qualquer lugar do país, e a população alvo foi membros dessas entidades religiosas que estivessem frequentando e participando das atividades de sua igreja, independente do porte ou de qual filiação religiosa fosse. E com isso participaram; católicos, evangélicos, espíritas, religiosos afro-brasileiros e foi dada a opção para descrever outra religião. O processo de coleta de dados levou em consideração a amostragem não probabilística devido a população alvo ser dispersa e de grande proporção a nível nacional. Hair et al. (2020) Para tanto, foi aplicando um questionário eletrônico na plataforma no Google Forms, formado por 18 questões, onde inicialmente se têm um texto explicando as intenções da pesquisa e como respondê-lo, na segunda parte o perfil religioso do respondente 2 questões (Religião? /Tempo na religião?). E logo após os construtos, que foram 12 questões. Por fim, o questionário procura compreender perfil pessoal, dos respondentes com 4 questões (Idade? / Sexo? / Estado civil? / Escolaridade?).Quanto as 12 questões, os elementos principais da pesquisa, as mesmas foram baseadas pelos construtos formados, sendo eles divididos por; CORE, GOE, COE. Todas com base em escala Likert de cinco níveis entre: (1) - discordo totalmente a (5) – concordo totalmente e quatro questões cada. Houve um pequeno pré-teste, onde foi aplicado 10 formulários para melhor adequação e correções de alguns termos, expressões e afirmações que ficaram mal compreendidos. Isto feito, foi gerado o link no Google Forms, e enviando para rede de contatos mais próximas, principalmente de fontes religiosas tais como: igrejas, pastores, presidentes de convenções religiosas e demais membros, via WhatsApp. Tal envio, começou no final de maio de 2024, finalizando na metade de junho, onde ao todo foi obtido 221 respostas. Destes foram excluídos 20, por não se considerarem membros com frequência assídua e 1 no tratamento via Stata.17.0, por desvio-padrão onde um respondente marcou a mesma opção para todas as questões. No final, foram considerados como válidos apenas 200 respondentes, como público alvo da pesquisa. Os dados foram tratados no programa SE Stata.17.0, para as variáveis de corte e de controle que seriam numéricas e variáveis nominais, atribuindo assim valores e limpado a base de erros e para caracterização da amostra e estatística descritiva, onde foi calculado as frequências do perfil do respondente e para as questões centrais (CORE, GOE, COE) para análise dos resultados. Os dados obtidos das variáveis CORE, GOE e COE, apontam para uma percepção favorável para CORE e de forte credibilidade para GOE e COE das quais contribuem para combate aos problemas corruptíveis de ordem eclesial, mostrando que tal percepção é aceitável e plausível para adoção e que tais fiéis são intolerantes a corrupção eclesial. Essas variáveis são insights pequenos, mas valiosos para pesquisas amplas que pode relacionar-se com a lealdade religiosa do fiel, por exemplo. Ainda, contribui para o papel reflexivo e crítico da governança e compliance eclesial, como medidas que podem ajudar no futuro regulatório do mercado brasileiro religioso em ascensão, tornando-se oportuno tais pesquisas e discussões.