Reumo
O setor do turismo se beneficia com a perspectiva de aglomerado de empresas, vinculando hospedagem, transporte, alimentação e oferta de outros produtos (CHAGAS, 2018). Para melhor coordenar essas atividades econômicas (empresas, organizações, instituições) e exercer relações comerciais, produtivas e tecnológicas, é elementar adotar práticas democráticas para o setor, pois, com a participação de empresas públicas, privadas e da sociedade, esse poder compartilhado retrata o conceito de governança (XAVIER; TOTTI; RADDATZ, 2020). A governança infere em questões vinculadas à descentralização das decisões políticas e condiciona a participação e o ganho de poder da sociedade nos processos de tomada de decisão (PEREIRA, 2020). No turismo envolve particularidades e interdisciplinaridades vinculadas ao setor por relacionar a economia, a sociedade, o meio ambiente, a cultura e os costumes. A prática da governança em organizações fragmentadas, como se configura o setor do turismo, depende de relações de colaboração, cooperação, parcerias e redes (XAVIER; TOTTI; RADDATZ, 2020). A governança baseia-se em políticas de regionalização do turismo, solucionando problemas e estabelecendo inovação e desenvolvimento competitivo. Na aplicabilidade da governança no turismo, as políticas públicas existentes orientam algumas diretrizes baseadas no fortalecimento da regionalização, melhoria da qualidade e competitividade, incentivo a inovação e promoção da sustentabilidade. Assim, além da governança, a sustentabilidade passa a ser um dos pilares fundamentais na elaboração do planejamento turístico nacional. Para o PRT, a sustentabilidade é abordada como sustentabilidade ambiental, econômica, sociocultural e político institucional (TAMBOVCEVA et al., 2020). Considerando essas vertentes de sustentabilidade enfatiza-se que a sustentabilidade ambiental se associa aos processos ecológicos e a diversidade dos recursos. Sustentabilidade sociocultural assegura equidade na distribuição de renda e melhores condições de vida, enquanto a sustentabilidade econômica visa um desenvolvimento eficaz para suportar as necessidades das gerações futuras. A sustentabilidade político-institucional está vinculada a continuidade das parcerias e dos compromissos firmados entre os atores além de garantir a solidez das ações. O termo sustentabilidade vem sendo discutido por diferentes esferas, tanto no contexto nacional como internacional. A relevância é devido aos desafios enfrentados relacionados a poluição ambiental, restauração da biodiversidade, novas fontes e uso eficiente de energia, surgimento de novos negócios verdes, economia circular e adoção de mobilidade sustentável e inteligente (RISTI?; VUKOI?I?; MILIN?I?, 2019). O setor do turismo vem adotando e procurando estabelecer condições favoráveis para desenvolver ofertas e produtos turísticos sustentáveis (TAMBOVCEVA et al., 2020). A discussão sobre sustentabilidade global abrange aspectos essenciais para o desenvolvimento sustentável, essa ótica evidencia os desafios de escala global existentes. Para superar esses desafios, a Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou a agenda 2030 para promover o desenvolvimento sustentável baseado nos ODS, apresentando 17 objetivos compostos por metas e indicadores. Assim, torna-se relevante identificar os ODS no setor do turismo, em uma rota turística na região do Vale do Ivinhema. Desse modo, identificou-se que o setor do turismo pode contribuir para todos os objetivos, no entanto, há discussões particulares sobre os objetivos 8, 12 e 14 que abordam o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o consumo e a produção sustentável e a utilização sustentável dos oceanos e dos recursos marinhos (ONU, 2016). O objetivo 8 busca promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos. O objetivo 12 assegura padrões de consumo e de produção sustentáveis e o objetivo 14 se propõe a conservar e usar de forma sustentável os recursos marinhos para contribuir com o desenvolvimento sustentável. Cabe destacar que todos os objetivos possuem metas estabelecidas para atingir a agenda 2030, no entanto, os objetivos globais só serão alcançados quando a realidade local (município, estado, país) assumir esforços efetivos e traduzir as metas para a sua realidade, buscando traçar planos e ações possíveis de se alcançar. Para assegurar o alcance desses objetivos, é preciso “compatibilizar a atividade turística com a manutenção da diversidade dos recursos naturais e culturais, preservar e fortalecer a identidade local, assegurar um desenvolvimento economicamente eficaz, e firmar parcerias entre diferentes atores” (MTUR, 2018, p.97). Assim, promover a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável torna-se uma obrigação para os responsáveis e gestores das atividades turísticas e independentemente do segmento, é necessário incluir no planejamento, metas e interesses econômicos, sociais e ambientais. O turismo é considerado sustentável quando se torna capaz de gerar condições para a região condizentes com as necessidades sociais, econômicas e ambientais para o local (RISTI?; VUKOI?I?; MILIN?I?, 2019). No entanto, existem alguns impactos gerados pela atividade, os impactos ambientais positivos do turismo são baseados no aumento do investimento para conservação e manutenção do ambiente visitado, melhoria das condições ambientais do destino, geração de emprego e renda, escolha e uso eficiente de tecnologias ambientalmente saudáveis e sustentáveis, conservação, preservação, proteção e recuperação dos ambientes naturais e sensibilização dos turistas para as questões ambientais (TAMBOVCEVA et al., 2020). A prática da atividade turística também gera impactos ambientais negativos, sendo a ampliação da demanda pelos recursos naturais disponíveis, poluição em todas as suas formas, uso excessivo dos recursos, uso inadequado do solo, mudança de comportamento da fauna silvestre, degradação e ocultação da paisagem (RISTI?; VUKOI?I?; MILIN?I?, 2019). Torna-se importante ressaltar as possíveis variações de comportamento para classificar as ações em impactos negativos e positivos, tudo depende da intensidade da ação executada podendo gerar contribuições ou prejuízo para o setor. É importante mencionar que avaliar e implementar ações de sustentabilidade no setor do turismo é uma tarefa difícil, pois não existe uma solução ideal para todos os segmentos. É necessário identificar tendências, conhecer a complexidade, respeitar o contexto e reconhecer as interconexões.
REFERÊNCIAS
CHAGAS, J. Capital social organizacional e desenvolvimento territorial em rotas de turismo rural. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Territorial e Sistemas Agroindustriais. Universidade Federal de Pelotas. 2018.
RISTIC, D. VUKOICIC, D. MILINCIC, M. A. Tourism and sustainable development of rural settlements in protected areas. Land Use Policy, 89, 2019.
XAVIER, T. R. et al. A relação entre redes e turismo: uma análise bibliométrica sobre a emergência de um novo paradigma no planejamento turístico. Turismo e Sociedade, 5, 2, 2020.