Reumo
Durante muito tempo, o turismo foi reconhecido apenas como uma atividade econômica que se agregava ao Produto Interno Bruto (PIB) de um país. No entanto, cada vez mais, vem sendo destacada a importância da sustentabilidade aplicada à referida atividade, e a necessidade de se vislumbrarem os seus aspectos sociais e ecológicos, além dos econômicos. Isso porque, para se alcançar o desenvolvimento sustentável e promover um turismo mais consciente, estes aspectos precisam ser tratados de forma sistêmica. Logo, o presente trabalho teve como objetivo identificar os impactos do turismo realizado no Polo Moveleiro de Gravatá (PMG), em Pernambuco, envolvendo as dimensões ecológica, econômica e social da sustentabilidade, à luz da percepção de sujeitos centrais. Para tanto, adotou-se uma abordagem qualitativa, empírica e descritiva. A coleta de dados e informações se deu por meio de três tipos de procedimentos: levantamentos bibliográficos, observações diretas e entrevistas semiestruturadas. As entrevistas foram realizadas em agosto de 2023, com três grupos de sujeitos, considerados centrais: visitantes (G1), empresários locais (G2) e gestores do turismo municipal (G3). Os dados e informações foram tratados pela técnica de análise qualitativa básica, buscando-se identificar padrões e temas recorrentes. Como resultados, constatou-se que os impactos do turismo no PMG sobre a dimensão ecológica não parecem muito significativos, uma vez que o turismo no local não ocorre em “massa”. No entanto, observou-se que a responsabilidade socioambiental dos visitantes é limitada, com pouco interesse por processos de fabricação dos produtos vendidos, como móveis e itens artesanais. Ademais, a pesquisa revelou que esses produtos não são mais fabricados na rua Duarte Coelho — principal via do Polo —, sendo eles apenas comercializados ali. Quanto à dimensão econômica, observou-se que muitos negócios no PMG dependem fortemente dos visitantes de fora do município para sua sobrevivência. As vendas aumentam durante o inverno, quando o afluxo de turistas cresce, devido às festividades em temperaturas mais amenas. Assim, a sazonalidade do turismo no Polo segue o padrão do restante do turismo municipal, que também é mais concentrado em eventos específicos em clima frio. Quanto à dimensão social, por termo, identificou-se uma “exclusão social” no PMG, dado que a valorização da rua e dos negócios dirigidos aos visitantes externos tem gradualmente afastado o morador local, que vê o atrativo como exclusivo para turistas. Por conseguinte, o projeto “Tardes no Polo” tem se mostrado como uma boa tentativa da gestão pública para reintegrar os moradores ao local, incentivando sua participação e reduzindo a dependência do PMG em relação aos visitantes externos.