Reumo
O presente trabalho relata a produção do documentário "Futuros Sustentáveis: O Poder da Juventude". Este projeto é fruto de uma pesquisa de pós-doutorado realizada na Univates, em Lajeado, e contou com o financiamento da Fapergs e do CNPQ. O documentário foi gravado com vinte jovens nas favelas do Alemão e da Maré, no Rio de Janeiro, além da comunidade quilombola dos Machado, em Porto Alegre, locais onde as realidades juvenis se entrelaçam em desafios sociais únicos. Vivemos em uma era de desafios ambientais e sociais sem precedentes, em que questões como as mudanças climáticas, a desigualdade social e a degradação dos recursos naturais exigem soluções urgentes e inovadoras. É nesse contexto que surge uma nova geração de líderes, ativistas e inovadores que estão moldando o futuro com suas ideias, ações e determinação.
Ao longo desta gravação, foi possível vivenciar histórias inspiradoras de jovens em diferentes partes do Brasil que estão na linha de frente da luta por um mundo mais sustentável. Através de entrevistas semiestruturadas, com perguntas sobre o que pensam sobre sustentabilidade, o futuro do planeta, seus engajamentos e percepções ambientais, além de relatos e cenas do cotidiano desses jovens, foi possível mostrar como suas iniciativas estão gerando impactos positivos em suas escolas e comunidades. "Futuros Sustentáveis: O Poder da Juventude" é mais do que um documentário; é um chamado à reflexão e à ação, lembrando-nos de que a juventude não é apenas o futuro, mas também o presente, e que suas vozes e ações são cruciais para transformar o mundo em um lugar mais justo e sustentável para todos. Ao longo de um ano de gravações, foi revelado como esses jovens enfrentam desafios complexos enquanto lutam por condições básicas de vida. Como argumenta Amartya Sen (2010), 'não podemos falar em desenvolvimento sustentável sem antes garantir a dignidade humana e o acesso aos direitos fundamentais'. Este relato também apresenta a importância das metodologias de entrada nas favelas para acessar esses jovens e compreender suas realidades. Foi perceptível uma mudança nos discursos dos jovens ao identificar a presença de projetos sociais ou de universidades nesses locais, pois há um letramento científico com termos como "racismo ambiental", bem como a construção de sonhos para a melhoria de suas vidas e de suas famílias. A sustentabilidade vai além da preservação ambiental; envolve também a justiça social e a garantia de dignidade mínima para essas populações, um conceito reforçado pela interação direta com as comunidades e o apoio educacional que as universidades podem oferecer. Este material gravado servirá para a reflexão sobre a realidade vivida por muitos jovens das periferias do nosso país, sendo um recurso acessível para discussões e para pensar em caminhos que nos permitam atingir alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos até 2030. Além de promover a conscientização sobre as condições socioeconômicas dessas comunidades, o documentário pode inspirar políticas públicas mais inclusivas e projetos sociais que promovam a equidade e a justiça social. Ele também destaca a importância de dar voz a esses jovens, cujas experiências e iniciativas podem servir como modelos para outros, incentivando um engajamento mais amplo em questões como educação de qualidade, redução das desigualdades e ações climáticas. O material, portanto, não só documenta desafios, mas também catalisa diálogos e ações que visam um futuro mais justo e sustentável para todos, abordando que justiça social e dignidade humana são essenciais para a construção de um futuro verdadeiramente sustentável.