Resumo

Título do Artigo

O CONTEÚDO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS QUE OPERAM NO BRASIL FRENTE A SUSTENTABILIDADE FORTE E FRACA
Abrir Arquivo

Tema

Estratégia para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Cristiane Mallmann Huppes
Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Responsável pela submissão
2 - Edson Talamini
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Economia

Reumo

1 INTRODUÇÃO Demandas sobre Environmental, social, and corporate Governance (ESG) são de interesse de investidores, acionistas e governos com o objetivo de gerenciar riscos e, para as corporações, elemento emergente da estratégia competitiva (GALBREATH, 2013). Também, atende expectativas das partes interessadas diante das preocupações com mudanças climáticas, direitos humanos, condições de trabalho, escândalos corporativos (SINGHANIA; SAINI, 2022). Relatórios de Sustentabilidade no Brasil seguem a tendência de aplicação dos padrões da Global Reporting Iniciative (GRI) e mais recentemente o Relato Integrado (RI) orientado pelo International Integrated Reporting Council (IIRC). Estudos que analisam e discutem as informações contidas nos relatórios não financeiros enfatizam a atualidade do tema, porém as respostas ainda então em fase elaboração de perguntas possivelmente mais adequadas. A sustentabilidade preconizada por relatórios está longe de uma harmonização e as arenas de discussões perpassam pela influência de órgãos reguladores como GRI, Sustainability Accounting Standards Board (SASB), o IIRC e a Comissão Europeia englobando o European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) e a International Financial Reporting Standards (IFRS) (AFOLABI; RAM; RIMMEL, 2022). Há uma linha de pensamento que atribuí à sustentabilidade questões que tensionam e discutem o que é pressuposto básico da sustentabilidade. Georgescu-Roegen argumenta que o homem é ‘bio’ e ‘econômico’ ao mesmo tempo, ou seja, bioeconômico, defendendo um modelo econômico que coevolua com a biosfera. A prudência é enfatizada, tendo como pressupostos básicos as restrições e o planejamento ecológico. Segundo Vivien et al. (2019) os estudos mantêm a tese e exploram o uso do termo bioeconomia, porém associados a uma Sustentabilidade Forte que preconizam os limites da matéria e da energia e/ou a Sustentabilidade Fraca conduzida pelas arquiteturas institucionais e na produção de biomassa. Nesse contexto, a questão de pesquisa é com que frequência são relatados os aspectos ESG e da Sustentabilidade Forte nos Relatórios de Sustentabilidade de empresas que operam no Brasil e atuam em diferentes setores de atividade econômica? 2 METODOLOGIA O uso conjunto dos softwares QDA-Miner e WordStat licenciados pela Provalis Research, possibilitam a mineração e análise de texto. A parti de estudos de revisão, foi elaborado um “dicionário” das dimensões Ambiental, Bioeconomia, Economia, Governança e Social da Sustentabilidade. O conjunto de palavras foi testado a partir da pesquisa de artigos na base de dados Scopus. De setembro a outubro de 2022 foram realizados download de relatórios de sustentabilidade. O dicionário foi aplicado em 1.591 relatórios de 251 empresas que operam no Brasil, publicados no decorrer dos anos de 2000 até 2021, em 20 setores. A base de dados para a mineração compreende o conjunto 47.501.560 de palavras e aproximadamente 120 mil páginas. 3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A dimensão Economia prevalece, apresentando queda no decorrer dos anos em que aumentaram informações das Dimensões Ambiental, Social e Governança. Se somadas as frequências das Dimensões Economia e Governança juntas, ambas são predominantes. O grau de similaridade de conteúdo nas Dimensões Ambiental e a Social é de 0,999, seguido de Governança e Economia, com grau superior a 0,957. O âmbito Bioeconomia possui grau de similaridade de 0,688, significando serem informações muito específicas. No decorrer do período, o conteúdo dos relatórios apresenta grau de similaridade acima de 0,989, apesar de possuírem características produtivas diferenciadas, . Dois clusters são identificados, período até 2009 e após 2010. Até o ano de 2009 ocorrem frequências sobre o Balanço Social, Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) Demonstração do Valor Adicionado (DVA). A partir do ano de 2010 há frequência de Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3), Global Reporting Initiative (GRI). Para os anos de 2020 e 2021, o nó é atribuído ao Relato Integrado (IIRC-RI) É explorada a frequência das Dimensões Ambiental, Bioeconomia, Economia, Governança e Social da sustentabilidade em cada um dos Setores, prevalecendo informações da dimensão Economia. Telecomunicações se destaca na Governança e, Papel e Celulose apresenta a maior porcentagem na dimensão Ambiental. A dimensão Social é enfatizada pelos Setores Educação e Saúde. Por fim, o grau de similaridade das informações contidas nos relatórios é de 0,97 e isso significa dizer que o conteúdo é muito próximo. Ou seja, empresas que usam de recursos ambientais de forma mais e menos intensa não relatam suas peculiaridades. A similaridade mais forte das dimensões da sustentabilidade entre os Setores ocorre entre Economia e Governança (0,97), seguida pelo Social (0,951) e Ambiental (0,932). A Bioeconomia apresenta similaridade inferior a 0,6. 4 CONCLUSÃO Os resultados encontrados nessa pesquisa são delineados sob duas perspectivas. A primeira vem ao encontro da ESG sobre a demanda de informações não financeiras atendendo aos stakeholders quanto as práticas empresariais e suas externalidades. A segunda pondera as informações contidas nos Relatórios à luz da Bioeconomia de Georgescu-Roegen (Sustentabilidade Forte) que preconiza a economia como um processo termodinâmico e que ela (a economia) deva basear-se em recursos renováveis, limitados ao ambiente biofísico. Os resultados apontam mudança no padrão de informações a partir de 2012 onde até então predominavam informações da dimensão Economia. O grau de similaridade das Dimensões da Sustentabilidade, se analisado o período, o principal nó é representado pelas dimensões Ambiental e Social. Na análise por Setor, as dimensões Economia e Governança são as mais similares. Em ambas as análises, a dimensão Bioeconomia é a mais distante Por fim, tendo em vista o objetivo proposto, foram identificados os aspectos da ESG e da Sustentabilidade Forte. A prevalência de informações que não as da dimensão Ambiental e minimamente frequente a dimensão Bioeconomia, compreende-se que os Relatórios de Sustentabilidade se classificam dentro de uma Sustentabilidade Fraca. Dessa constatação, a sustentabilidade forte até o momento não está sendo estudada pela ciência contábil e nem as empresas em seus relatórios a consideram.