Resumo

Título do Artigo

GOVERNANÇA NAS EMPRESAS SOCIAIS: ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA
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Tema

Empreendedorismo Sustentável e Negócios de Impacto

Autores

Nome
1 - Graziela Bizin Panza
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - PPGADM Responsável pela submissão
2 - Mariana Negrelli Ribeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR - UFPR
3 - Andréa Paula Segatto
- Universidade Federal do Paraná

Reumo

As empresas sociais têm atraído interesse acadêmico devido ao seu potencial para gerar benefícios sociais (Dart, 2004; Haugh, 2007), são formas organizacionais hibridas que buscam equilibrar a criação de valor econômico e impacto socioambiental positivo (Yunus; Moingeon; Lehmann-Ortega, 2010). A governança corporativa nessas organizações tornou-se um foco de atenção devido à complexidade e dualidade enfrentadas ao equilibrar a missão social com a geração de lucro (Gonin; Besharov; Smith, 2013). As estratégias e práticas de governança são cruciais para garantir seu sucesso e longevidade. A governança em empresas sociais é particularmente relevante, dada a dualidade e complexidade dessas organizações. A governança eficaz deve equilibrar os objetivos sociais e econômicos, enfrentando desafios como a manutenção do foco na missão social e a gestão dos interesses dos diversos stakeholders (Mitchell; Agle; Wood, 1997). Este artigo explora a evolução e os avanços recentes na literatura sobre governança corporativa em empresas sociais, com o propósito de analisar: (1) a evolução da quantidade de publicações sobre governança em empresas sociais; (2) os principais autores e publicações no campo; (3) os periódicos mais relevantes; e (4) os principais temas e palavras-chave abordados na literatura. Utilizando métodos de análise bibliométrica, o estudo mapeia o desenvolvimento da pesquisa na área, identificando padrões e lacunas no conhecimento existente e contribuindo para o avanço da compreensão sobre a governança em empresas sociais. Este estudo utilizou a análise bibliométrica para mapear a produção científica internacional sobre governança em empresas sociais. A análise bibliométrica aplica métodos estatísticos para explorar a evolução da ciência, considerando a performance de publicação de autores e instituições (Koseoglu, 2016). A bibliometria baseia-se nas Leis de Bradford (produtividade de periódicos), Lotka (produtividade científica de autores) e Zipf (frequência de palavras) (Guedes; Borschiver, 2005). Os dados foram coletados em março de 2024, utilizando a plataforma Web of Science. A busca abrangeu artigos com os tópicos "governance" AND "social enterprise" OR "social business" OR "social venture", resultando em 953 documentos publicados entre 1996 e 2024. Após refinamento, foram selecionados 312 artigos nas categorias "business" e "management". A análise utilizou os softwares VOSviewer e CitNetExplorer, que permitem a construção de redes bibliométricas e a análise de citações de publicações acadêmicas (Pradhan, 2016). Foram analisados o número de publicações, autores mais citados, artigos mais citados, periódicos mais influentes e os termos mais frequentes. A evolução das publicações sobre governança em empresas sociais foi analisada ao longo do tempo. Os dados mostraram que as publicações começaram em 1996, com um aumento significativo a partir de 2017, destacando a relevância crescente do tema. Os autores mais citados incluem Haugh e Doherty, com três e quatro artigos, respectivamente. Moss e Short, com apenas uma publicação, destacam-se pelo número de citações, 722, indicando sua relevância. Entre os artigos mais citados, destacam-se "The Governance of Social Enterprises: Mission Drift and Accountability Challenges in Hybrid Organizations" (Ebrahim, Battilana, Mair, 2014), com 68 citações, e "Social Enterprises as Hybrid Organizations: a Review and Research Agenda" (Doherty, Haugh, Lyon, 2014), com 64 citações. O trabalho “Community-led Social Venture Creation” (2007) a governança nas empresas sociais inclui uma estrutura formalizada com funções estabelecidas e líderes definidas. Após a implementação, há a prestação de contas aos stakeholders, garantindo transparência e avaliação do desempenho. No “Research in Social Entrepreneurship: Past Contributions and Future Opportunities” (2009) menciona que os aspectos de governança frequentemente aprecem nos estudos acerca do empreendedorismo social. Em “Building Social Business Models: Lessons from the Grameen Experience”(2010) ao desafiar o pensamento convencional e ao recrutar acionistas voltados para o lucro social, enfatiza a importância da inovação e da clareza nos objetivos sociais. No “Business Models for People, Planet (& profits): Exploring the Phenomena of Social Business, a Market-based approach to social value creation” (2011) discute que as estruturas de governança nas empresas sociais devem alinhar cuidadosamente a missão social e a estrutura de capital da organização para evitar o desvio de missão. No “Managing Social-business Tensions: a Review and Research Agenda for Social Enterprise” (2013) sugere que a governança participativa pode oferecer novos insights ao debate normativo-descritivo sobre o papel dos stakeholders, pois essas organizações podem desenvolver ferramentas e rotinas específicas para identificar e incluir stakeholders importantes. Em “The Governance of Social Enterprises: Mission Drift and Accountability Challenges in Hybrid Organizations” (2014) explora as dificuldades de governança em organizações híbridas, que mesclam missão social e negócios. Ressalta a governança organizacional e o papel dos conselhos de administração para manter o equilíbrio entre a entrega do valor social e os objetivos de mercado. Em “Social Enterprises as Hybrid Organizations: a Review and Research Agenda” (2014), apresenta a governança em empresas sociais como algo complexo, equilibrando a missão social e a sustentabilidade financeira, com estruturas diversas que variam de modelos hierárquicos a cooperativos. A composição do conselho, e a prestação de contas aos stakeholders é um desafio central. A forma legal e as pressões institucionais influenciam fortemente as práticas de governança. Logo, “Stakeholders Matter: How Social Enterprises Address Mission Drift” (2014) analisa como empresas sociais italianas lidam com o desvio de missão, destacando o papel do engajamento dos stakeholders e da contabilidade social para manter o alinhamento com valores sociais. O “Making Hybrids Work: Aligning Business Models and Organizational Design for Social Enterprises” (2015) a governança em empresas sociais envolve equilibrar lucro e impacto social por meio de estruturas organizacionais, governança de conselho, estratégias de recursos humanos e sistemas de gestão de desempenho. O artigo “Social Entrepreneurship Research: Past Achievements and Future Promises”(2018) sugere que organizações híbridas precisam de mecanismos de governança distintos para evitar o "desvio de missão". Os periódicos mais citados na análise incluem o Journal of Business Ethics e o International Journal of Management Reviews. A análise dos termos mais frequentes revelou quatro clusters principais, refletindo os diferentes aspectos do estudo acerca da governança das empresas sociais: lógica dos negócios sociais, caráter mercadológico, impacto social e complexidade da governança. Este estudo bibliométrico ilustra o crescimento e a relevância das pesquisas sobre governança corporativa em empresas sociais, destacando a importância de continuar explorando as tensões e os desafios que essas organizações enfrentam.