Resumo

Título do Artigo

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE EM PARQUES URBANOS: O CASO DO INSTITUTO TRILHAS
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Tema

Educação e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Thamara Sauini
Universidade Federal de São Paulo-Unifesp - Diadema Responsável pela submissão
2 - Michele Cavalcanti Toledo
Universidade de São Paulo - USP - FSP
3 - Guilherme Leite Gaudereto
USJT - Universidade São Judas Tadeu - Pós-Graduação em Engenharia Civil - PGEC
4 - Virgínia Talaveira Valentini Tristão
Universidade de São Paulo - USP - Faculdade de Educação

Reumo

A educação ambiental emerge como um campo interdisciplinar crucial para abordar os desafios contemporâneos advindos das complexas interações entre sociedade, educação e meio ambiente. Este estudo de caso analisa a atuação de uma organização não governamental (ONG) brasileira, o Instituto Trilhas, na implementação de práticas educativas voltadas para a sustentabilidade em parques urbanos, com foco específico no Parque Ibirapuera, localizado na cidade de São Paulo. O Instituto Trilhas, fundado em 2016, tem como missão promover a educação ambiental em áreas urbanas, utilizando a metodologia das trilhas interpretativas como uma ferramenta de educação não formal. A crescente urbanização, aliada ao afastamento da população das áreas naturais, tem gerado uma desconexão significativa entre os moradores urbanos e o meio ambiente. No contexto do Parque Ibirapuera, essa desconexão manifesta-se no uso predominante do espaço para atividades recreativas, enquanto aspectos históricos, biológicos e culturais do parque permanecem amplamente desconhecidos pela maioria dos visitantes. A ação do Instituto Trilhas buscou mitigar essa lacuna por meio da criação de uma trilha interpretativa denominada "O Ibirapuera que ninguém vê", que visa transformar a experiência do visitante em um processo de ensino-aprendizagem ativo e reflexivo. A metodologia empregada pelo Instituto Trilhas fundamenta-se na combinação do método de Estudo do Meio (EM) e da Técnica de Interpretação Ambiental (TI), duas abordagens pedagógicas que, embora distintas, se complementam de maneira sinérgica. O Método de Estudo do Meio, caracterizado por sua natureza interdisciplinar, é utilizado para examinar as diversas dimensões do Parque Ibirapuera, abrangendo desde aspectos históricos e geográficos até questões sociais, culturais e ambientais. A abordagem com as duas metodologias buscou permitir uma investigação aprofundada do espaço, revelando as múltiplas camadas que compõem o ambiente urbano e sua relação com os processos sociais. O método do EM facilita a integração de conhecimentos provenientes de diferentes disciplinas, proporcionando uma visão holística do Parque Ibirapuera. Ao abordar questões como a evolução histórica do parque, sua geografia, a interação social no espaço urbano, e a riqueza cultural presente no local, o método busca desenvolver nos participantes uma compreensão mais completa e contextualizada do ambiente em que estão inseridos. Dessa forma, o Estudo do Meio não apenas informa, mas também estimula a reflexão crítica sobre as dinâmicas que moldam o espaço urbano e suas implicações para a sustentabilidade. Já a técnica de Interpretação Ambiental atua como um recurso didático essencial, guiando as atividades educativas ao longo da trilha interpretativa. Essa técnica interdisciplinar permite a articulação de conhecimentos em biologia, história, geografia e educação, oferecendo uma abordagem transversal que enriquece o processo de ensino-aprendizagem. Por meio da Interpretação Ambiental, os participantes são levados a compreender as complexas interações entre a sociedade e o ambiente natural, desenvolvendo uma percepção crítica e ampliada das questões ambientais que permeiam o espaço urbano. Com isso, a metodologia adotada pelo Instituto Trilhas promove uma compreensão mais integrada e crítica das relações entre o homem e o ambiente, essencial para a formação de cidadãos conscientes e engajados com a sustentabilidade. O percurso da trilha "O Ibirapuera que ninguém vê" foi elaborado para incluir estações de trabalho específicas, paradas previamente determinadas, onde temas como a história do parque, a biodiversidade local, e os desafios ambientais urbanos são explorados em profundidade. Entre as estações destacam-se locais como a Avenida IV Centenário, o Viveiro Manequinho Lopes e a Praça Burle Marx, cada uma abordando aspectos históricos, culturais e ecológicos do parque e da cidade de São Paulo. A trilha incentiva os participantes a utilizarem todos os sentidos durante a caminhada, promovendo uma integração sensorial que enriquece o processo educativo. Os resultados obtidos indicam que as trilhas interpretativas promovem um engajamento significativo dos participantes, estimulando a conscientização ambiental e fortalecendo o senso de pertencimento e responsabilidade cidadã em relação ao espaço público e ao meio ambiente. Além disso, as trilhas oferecem uma oportunidade única de aprendizado fora do ambiente escolar tradicional, proporcionando uma experiência educativa que é ao mesmo tempo informativa e transformadora. No âmbito tecnológico-social, a metodologia desenvolvida pelo Instituto Trilhas representa uma inovação pedagógica ao transformar espaços urbanos em áreas de aprendizado dinâmico. As trilhas interpretativas configuram-se como uma prática replicável em outros contextos urbanos, oferecendo uma ferramenta eficaz para organizações que atuam na educação não formal e que buscam integrar atividades ao ar livre com a promoção de uma consciência ambiental crítica. Em termos de contribuição para a educação ambiental, a experiência do Instituto Trilhas no Parque Ibirapuera demonstra a importância das ONGs como atores essenciais na implementação da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). As trilhas interpretativas não apenas contribuem para a formação de uma cidadania mais informada e comprometida com a sustentabilidade, mas também reforçam o papel das áreas verdes urbanas como espaços educativos fundamentais para a construção de uma sociedade mais sustentável. Em conclusão, as práticas de educação ambiental realizadas por meio de trilhas interpretativas em parques urbanos, como exemplificado pelo Instituto Trilhas no Parque Ibirapuera, constituem uma abordagem eficaz para a promoção da sustentabilidade em áreas urbanas. Tais iniciativas são especialmente relevantes em contextos em que a desconexão entre a população e o meio ambiente natural é acentuada, e onde há uma necessidade urgente de reestabelecer esse vínculo para promover o desenvolvimento sustentável.