Resumo

Título do Artigo

Sistemas Agroflorestais Biodiversos e a Crise Climática Global: estratégias emergentes na transição para sistemas agrícolas resilientes
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Tema

Agronegócios e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Bruno Feltrin Puttini
UNICAMP Universidade de Campinas - Instituto de Geociências Responsável pela submissão
2 - Rosana Icassatti Corazza
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Reumo

Em 2023, as mudanças climáticas apresentaram, de fato, a sensação de “ebulição global”, como metaforizado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Observamos, neste ano, a temperatura global atingir níveis não observados há 125.000 anos, demonstrando as consequências de um mundo com “apenas” 1,46 ºC acima dos níveis pré-industriais. Diante dessa aferição, temos sentido em nossos corpos, em nossas comunidades e no ambiente ao redor amostras não tão pequenas, mas ainda diminutas diante do que já antecipam os cenários do futuro que está por vir. Se considerarmos a história e a geografia das emissões globais, concluiremos que a centralidade desse problema está no uso massivo dos combustíveis fósseis por países centrais do capitalismo, onde, por exigências de um modelo de crescimento econômico, a degradação tornou-se essencial para o seu funcionamento. Porém, grande parte dessas mudanças estruturais do clima passaram e ainda passam pelo uso degradante do solo, tanto em termos de atividade agropecuária quanto de desmatamento. A realidade das emissões brasileiras, o sexto maior emissor do globo, evidencia que 86% das suas emissões acumuladas se originaram das mudanças do uso do solo, caracterizando as implicações socioambientais de um modelo de produção agropecuária baseado na supressão da vegetação nativa e na conversão dessa terra em pastagens e monoculturas, tendo em vista a sua exportação na forma de commodities. A atual crise climática e a percepção da iminência de um colapso ambiental nos incitam à urgência de transformações estruturais profundas no modo de consumo, produção e circulação agrícola. Inspirado por essas constatações, fundamentadas no conhecimento científico amplamente disponível, o presente trabalho identifica nos Sistemas Agroflorestais (SAFs) possíveis alternativas viáveis para amparar essa transformação estrutural. Estes sistemas produtivos constituem formas de produção agrícola geradoras de benefícios alinhados à manutenção do estrato arbóreo e florestal em seus arranjos produtivos, promovendo, assim, serviços ecossistêmicos, restauração ecológica, resiliência socioecológica e proteção à integridade da biodiversidade. De maneira particular, são identificadas as contribuições dos sistemas agroflorestais biodiversos - que, ao contrário dos sistemas agroflorestais simples, incluem em seu funcionamento o uso da diversidade de espécies nativas através da estratificação vegetal, baseando-se nas sucessões ecológicas dos ecossistemas originais - para a adaptação e para o enfrentamento das mudanças climáticas nos principais biomas no Brasil, mapeando experiências em curso, seus avanços, possibilidades e desafios na transição para uma agricultura de baixo carbono e para uma economia de base ecológica.