Reumo
Em 2024, as mudanças climáticas atingiram níveis alarmantes, com a temperatura global chegando a níveis não vistos em 125.000 anos. Se considerarmos a história e a geografia das emissões globais, concluiremos que a centralidade desse problema está no uso massivo dos combustíveis fósseis por países centrais do capitalismo, onde, por exigências de um modelo de crescimento econômico, a degradação tornou-se essencial para o seu funcionamento. Porém, grande parte dessas mudanças estruturais do clima passaram e ainda passam pelo uso degradante do solo, tanto em termos de atividade agropecuária quanto de desmatamento. A realidade das emissões brasileiras, o sexto maior emissor do globo, evidencia que 86% das suas emissões acumuladas se originaram das mudanças do uso do solo, caracterizando as implicações socioambientais de um modelo de produção agropecuária baseado na supressão da vegetação nativa e na conversão dessa terra em pastagens e monoculturas, tendo em vista a sua exportação na forma de commodities. Contraditoriamente ao padrão de emissão global, o Brasil concentra cerca de 77% de suas emissões nas atividades de desmatamento e de agropecuária. Este trabalho tem como objetivo trazer algumas reflexões sobre o diagnóstico desse problema, assim como propor soluções alinhadas a ele. Metodologicamente, utilizamos resultados de duas revisões de escopo e da revisão narrativa sobre dados de emissões globais e brasileiras. Primeiramente, traçamos a história do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), analisando seus sucessos e fracassos. Em seguida, apresentamos os Sistemas Agroflorestais (SAFs), destacando a sua importância como sistema produtivo resiliente. Por fim, abordamos a integração do PPCDAm aos SAFs, tendo em vista um modelo de desenvolvimento alternativo, lastreado na regeneração pelo uso produtivo.