Reumo
Nos últimos anos, a busca por soluções energéticas sustentáveis tem crescido significativamente devido à preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, resultando em avanços notáveis no campo da energia renovável. Este artigo teórico explora as interações entre o desenvolvimento sustentável da economia do mar e a Teoria dos Stakeholders no contexto do hidrogênio verde (H2V). A economia do mar, ou economia azul, promove o uso responsável dos recursos oceânicos para fomentar o crescimento econômico, melhorando os meios de subsistência, desenvolvendo novos recursos e preservando a saúde dos ecossistemas marinhos. Ela inclui indústrias como pesca, energia offshore, mineração marítima, transporte aquático e turismo costeiro, movimentando cerca de 1,5 trilhão de dólares globalmente, com previsões de crescimento até 2030. As regiões do Nordeste do Brasil, especialmente próximas ao litoral, são ideais para fábricas de hidrogênio verde devido à alta radiação solar, ventos favoráveis e infraestrutura portuária. No entanto, a escassez de água doce causada pelas mudanças climáticas prejudica a geração de energia hidrelétrica e aumenta a dependência de usinas termelétricas. A dessalinização da água do mar é uma alternativa para produzir hidrogênio verde sem pressionar as fontes de água doce, mas pode impactar os oceanos através da instalação de turbinas eólicas offshore e da dessalinização. A União Europeia planeja instalar 300 GW de energia eólica offshore até 2050, o que pode perturbar habitats marinhos, gerar ruídos que afetam a fauna e alterar correntes marinhas, resultando em perda de biodiversidade e modificações climáticas locais. A dessalinização da água do mar produz salmoura concentrada que aumenta a salinidade local e pode introduzir produtos químicos prejudiciais no oceano, criando zonas de hipersalinidade e afetando a flora e fauna marinha. A gestão dos stakeholders é essencial para o desenvolvimento e implementação bem-sucedida de estratégias empresariais, promovendo práticas de responsabilidade social corporativa e ajudando a empresa a cumprir suas obrigações éticas. Os interesses dos stakeholders possuem valor intrínseco, significando que cada grupo de partes interessadas deve ser considerado nas práticas gerenciais da organização. Stakeholders incluem acionistas, investidores, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades locais e outros grupos afetados pelas decisões empresariais. Alinhar os interesses desses grupos às estratégias organizacionais mitiga riscos, evita conflitos e fortalece a reputação da organização. Integrar práticas responsáveis e inovadoras na economia do mar é crucial para promover uma mudança efetiva que priorize a sustentabilidade no manejo dos oceanos, mares e recursos costeiros. A inclusão ativa de todas as partes interessadas na discussão sobre o uso do hidrogênio verde é essencial para garantir que o desenvolvimento tecnológico beneficie todos os envolvidos. A colaboração entre grupos pode promover o desenvolvimento de estratégias que conciliem a conservação e o uso sustentável dos recursos marinhos com o crescimento econômico. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo geral explorar as interações entre o desenvolvimento sustentável da economia do mar e a Teoria dos Stakeholders no contexto do hidrogênio verde (H2V). As principais conclusões são de que o hidrogênio verde representa uma solução promissora para descarbonizar a economia global, mas sua implementação requer grandes investimentos em infraestrutura e tecnologia, além de governança inclusiva dos oceanos que considere as vozes das comunidades locais e os conhecimentos locais e tradicionais, assegurando estratégias de desenvolvimento sustentável que beneficiem todos os envolvidos.