Reumo
O artigo intitulado “A Lógica Perversa da Governança da Água: Um Estudo da Região Industrial de Itaqui-Bacanga no Maranhão” tem como objetivo geral investigar como estão sendo formuladas e implementadas ações de governança adaptativa para lidar com o mau uso da água por governos estaduais e municipais, empresas e comunidades do entorno da região industrial de Itaqui-Bacanga, em São Luís, Maranhão. Essa região enfrenta sérios problemas de gestão hídrica devido à presença de grandes empreendimentos industriais, como o Complexo Portuário da Ponta da Madeira, Porto do Itaqui, Porto da ALUMAR e a Usina Termoelétrica, que geram impactos significativos no meio social e ambiental local.
A metodologia adotada no estudo é de natureza qualitativa, descritiva e exploratória, utilizando a estratégia de estudo de caso. O trabalho se divide em duas etapas principais: uma fase exploratória e outra descritiva. Na fase exploratória, foram realizadas visitas à área de estudo, coleta de dados secundários e entrevistas com os moradores das comunidades adjacentes. A fase descritiva foca na análise dos dados coletados, utilizando o método de análise de conteúdo. Além disso, foram examinadas as percepções dos moradores sobre a qualidade da água, identificadas as fontes de poluição e analisadas as iniciativas adotadas pelos governos e empresas para minimizar os impactos ambientais.
A justificativa para a realização do estudo reside na complexidade dos problemas associados à governança da água na região de Itaqui-Bacanga, que se caracterizam como “problemas perversos”, ou seja, questões que resistem às soluções convencionais devido à sua natureza fluida e complexa. O estudo visa contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes e adaptativas, que possam atender às demandas da comunidade local e mitigar os impactos da má gestão hídrica. Além disso, busca ampliar o conhecimento acadêmico sobre governança da água e os desafios socioambientais enfrentados em regiões industriais.
Os resultados obtidos revelam uma série de desafios enfrentados pelas comunidades da região, incluindo a contaminação dos mananciais hídricos e a falta de ações efetivas por parte das autoridades e empresas para resolver esses problemas. A pesquisa também destaca a percepção negativa dos moradores em relação à qualidade da água, apontando para uma insatisfação generalizada com a gestão dos recursos hídricos. As análises indicam que a instalação de indústrias na região, sem o devido planejamento ambiental e social, agravou os problemas de governança da água, comprometendo a saúde e o bem-estar das comunidades locais.
A pesquisa conclui que há uma necessidade urgente de transformar as abordagens de governança hídrica na região, promovendo uma maior participação das comunidades e adotando soluções mais integradas e sustentáveis. A má gestão da água no Distrito Industrial de Itaqui-Bacanga é um exemplo claro de como a falta de planejamento e a ausência de uma governança eficaz podem agravar os problemas socioambientais, especialmente em áreas vulneráveis. Dessa forma, o estudo reforça a importância de uma governança adaptativa, capaz de mobilizar diferentes atores e conhecimentos para enfrentar os desafios complexos e dinâmicos da gestão dos recursos hídricos.