Reumo
A expansão das energias eólicas nas comunidades pesqueiras do Nordeste brasileiro tem causado significativas mudanças socioeconômicas e ambientais, afetando desproporcionalmente as mulheres de pescadores, cujas atividades, como a coleta de mariscos, são essenciais para a subsistência familiar (Cidreira; Rodrigues; Candeia, 2020). A instalação de parques eólicos nessas regiões tem restringido o acesso a áreas tradicionais de pesca, degradado ecossistemas costeiros e excluído essas mulheres dos processos decisórios, aprofundando as desigualdades de gênero e sociais (Macedo, 2023). Este ensaio explora os desafios enfrentados por essas mulheres e as formas de resistência que elas têm desenvolvido, como a organização em redes de apoio e a reivindicação por maior participação e reconhecimento, ressaltando a importância de uma transição energética mais justa e inclusiva. Diante desses desafios, as mulheres pescadoras, historicamente marginalizadas, têm resistido ativamente. Organizando-se em associações e colônias de pescadores, elas buscam espaços de liderança e reivindicam o reconhecimento formal de suas atividades e a preservação de seus meios de vida (Costa; Pereira, 2021). Além disso, a exclusão dos processos decisórios intensifica a luta dessas mulheres por direitos socioeconômicos e por uma maior representatividade nas discussões que envolvem a implementação de projetos energéticos que impactam diretamente suas vidas e sustento (FEST, 2024). Conclui-se que, para que a transição energética seja verdadeiramente inclusiva e sustentável, é fundamental considerar as especificidades de gênero e assegurar que as comunidades afetadas, especialmente as mulheres, participem ativamente dos processos de tomada de decisão (Zolin, 2023). Somente dessa forma será possível harmonizar o desenvolvimento sustentável com a equidade social e a preservação dos modos de vida tradicionais.