Resumo

Título do Artigo

AGLOMERAÇÃO URBANA E DESAFIOS DA ECONOMIA CRIATIVA CULTURAL: UMA ANÁLISE DE SÃO PAULO ENTRE 2006 E 2023
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Tema

Políticas Públicas para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Leonardo Augusto de Sousa Oliveira
Universidade Federal de Goiás - UFG - FACE Responsável pela submissão
2 - Mikael Iury Romão Silva
Escola do Futuro José Luiz Bittencourt - Ufg
3 - Eloise Alelí Sotelo Carvalho
Universidade Federal de Goiás - UFG - .
4 - Andrey Silva Ribeiro
Universidade Federal de Goiás - UFG - Instituto de informática
5 - Walter Hugo de Souza Rodrigues
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS UEG - Educação, Linguagem e Tecnologias

Reumo

A Economia Criativa Cultural (ECC) tem ganhado destaque global como um dos setores mais promissores, impulsionando a inovação, a geração de empregos e o desenvolvimento urbano. Em grandes centros mundiais, como Nova York, Londres e Paris, a ECC se consolidou como uma força relevante para o crescimento econômico, fomentando redes colaborativas e atraindo talentos e investimentos. De acordo com a ONU (2022), o setor criativo representa 3,1% do PIB mundial, evidenciando a relevância das indústrias criativas em setores como arte, cinema, moda, música e design. Esse crescimento também é sustentado por políticas públicas de incentivo e um ambiente propício à inovação tecnológica e cultural, que fortalecem a competitividade das cidades e promovem a diversificação econômica. No Brasil, a ECC tem destaque especial na cidade de São Paulo, que se posiciona como o principal polo criativo do país, concentrando uma grande parte das atividades culturais e artísticas. São Paulo se beneficia de sua infraestrutura avançada, políticas públicas voltadas à cultura e um capital humano qualificado, atraindo profissionais criativos e empresas do setor. O mapeamento da Firjan (2022) revela que São Paulo responde por uma parcela significativa do PIB criativo brasileiro, com grande concentração de atividades nos segmentos de artes cênicas, música, design e publicidade. No entanto, a ECC no estado também enfrenta desafios, como a desigualdade na distribuição das atividades criativas, com a maioria concentrada na capital, enquanto regiões periféricas carecem de investimentos e políticas de fomento adequadas. Esses desequilíbrios regionais refletem a necessidade de estratégias para descentralizar o setor e promover um desenvolvimento criativo mais equilibrado e inclusivo. A pesquisa tem como principal objetivo investigar o desenvolvimento da ECC no estado de São Paulo, focando na concentração dessas atividades nos grandes centros urbanos e os desafios enfrentados pelas regiões periféricas. A metodologia adotada é predominantemente quantitativa, com foco exploratório e descritivo. Os dados foram coletados a partir da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), utilizando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), que define as atividades ligadas à cultura e ao patrimônio. O estudo considera duas principais divisões da ECC: a produção e promoção de artes cênicas, espetáculos e criação artística, além de atividades relacionadas a bibliotecas, museus e conservação de patrimônio histórico. A análise incluiu dados de estabelecimentos e vínculos empregatícios no setor criativo, entre os anos de 2006 e 2023. No período entre 2006 e 2013, houve um crescimento expressivo de 51,1% no número de vínculos ativos, impulsionado por eventos como a Copa do Mundo de 2014 e incentivos fiscais como a Lei Rouanet. No entanto, o período de 2013 a 2017 marcou uma retração de 35,7%, devido à crise econômica, redução de incentivos públicos e instabilidade política, que afetaram o consumo cultural e resultaram no fechamento de estabelecimentos. A partir de 2017, o setor demonstrou uma recuperação de 54,6%, mas foi novamente impactado pela pandemia de COVID-19 em 2020, que provocou uma nova queda nos vínculos ativos e no fechamento de espaços culturais. Em termos de estabelecimentos, o setor artístico e criativo também experimentou um crescimento de aproximadamente 54% entre 2006 e 2013. Contudo, após 2013, houve uma queda de 12,2%, intensificada até 2021 com uma redução adicional de 22,7%, principalmente devido à pandemia. Embora o setor tenha mostrado sinais de recuperação em 2022, o retorno aos níveis anteriores ainda está distante. Já o segmento de atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental apresentou uma trajetória mais estável, com uma leve queda inicial até 2013 e uma recuperação gradual até 2022, que foi interrompida em 2023, refletindo a vulnerabilidade do setor frente às crises econômicas e às mudanças nas políticas públicas. A análise geográfica do estudo mostra uma forte concentração das atividades culturais e criativas nas áreas urbanas do estado de São Paulo, particularmente na capital. São Paulo abriga 61,8% dos vínculos ativos no setor, enquanto cidades como Campinas, Santos e Ribeirão Preto somam apenas 5,5%. Essa concentração reflete a infraestrutura avançada e a presença de capital humano qualificado nas grandes cidades. Em contraste, as atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental, como museus e bibliotecas, são mais dispersas geograficamente. A aglomeração das atividades criativas nas grandes cidades também levanta preocupações sobre a sustentabilidade do setor a longo prazo. A concentração excessiva de profissionais e empresas em determinadas regiões pode levar à saturação do mercado, dificultando a sobrevivência de pequenas empresas e empreendedores. Além disso, o estudo aponta para os riscos de gentrificação, em que a valorização de áreas urbanas resultante do crescimento da ECC aumenta o custo de vida e exclui moradores de baixa renda. O estudo conclui que, embora a ECC tenha se desenvolvido de forma robusta nas áreas urbanas de São Paulo, há uma necessidade urgente de políticas públicas que incentivem o crescimento equilibrado do setor em todo o estado. Sem essas iniciativas, as regiões periféricas continuarão a ser excluídas dos benefícios proporcionados pelo crescimento da ECC, o que pode agravar ainda mais as desigualdades regionais. As políticas públicas devem promover o desenvolvimento da infraestrutura cultural nessas áreas e criar incentivos para atrair profissionais criativos. Por fim, o estudo enfatiza a importância da ECC para o desenvolvimento econômico e social, destacando seu papel na geração de empregos, inovação e melhoria da qualidade de vida nas cidades. No entanto, para maximizar os benefícios da ECC, é fundamental que o crescimento do setor seja inclusivo e sustentável, garantindo que todas as regiões do estado de São Paulo possam usufruir de suas vantagens. A criação de um ambiente propício ao desenvolvimento da economia criativa em áreas periféricas pode contribuir significativamente para um desenvolvimento regional mais equitativo e duradouro.