Resumo

As mudanças crescentes no mercado e levaram indústrias a abandonar os métodos clássicos de produção e voltar-se para novas exigências do mercado (HOZDIC, 2015). A Economia Circular objetiva reduzir o desperdício e restaurar os danos ambientais ao longo do ciclo de vida de produtos (MURRAY et al, 2017). A Indústria 4.0 pode incorporar medidas de controle e proteção ambiental nas cadeias de suprimentos por meio da tecnologia (LUTHRA; MANGLA, 2018). Esta pesquisa identifica pontos em comum entre estas duas áreas e aponta como uma empresa dentro dos parâmetros da i4.0 pode operar em uma EC.

A EC tem se desenvolvido como uma escola de pensamento ligada ao exaurimento dos recursos naturais, processos produtivos e distributivos, e ao desenvolvimento econômico regional, nacional ou internacional. O desenvolvimento de novas tecnologias de ponta, como a proposta retratada pela i4.0, apresenta novas oportunidades para o fechamento de ciclos produtivos e máxima extração do valor de recursos naturais. Não foram encontrados na literatura estudos que abordam a sinergia entre a EC e a i4.0. Assim, o estudo dos pontos de convergência destas duas temáticas se mostra de grande relevância.

O objetivo da i4.0 é criar valor através da conexão de pessoas, objetos e sistemas, a fim de mesclar o mundo virtual e real de forma a ter processos integrados, gerando um sistema de informações em tempo real (HOZDIC, 2015). EC é um modelo econômico restaurativo e regenerativo por princípio, que busca, em última instância, dissociar o desenvolvimento econômico global do consumo de recursos finitos. O framework ReSOLVE – Regenerate, Share, Optimize, Loop, Virtualize, Exchange - descreve como a EC pode se manifestar em negócios, indústria, ou no governo (EMF,2015).

Buscou-se, por meio de uma pesquisa bibliográfica, práticas e atividades da i4.0, para então enquadrá-las no framework ReSOLVE. Utilizou-se a base de dados SCOPUS para as palavras-chave "Industry 4.0", "Industrie 4.0" e "smart manufacturing" com "applicability", "enforceability", "implementation", "deployment" e "practice". Limitou-se apenas artigos científicos. A triagem deu-se através das perguntas: "Esse artigo apresenta alguma prática da i4.0?" e "O artigo traz embasamento teórico sobre o conceito da i4.0?". Resultou-se em 87 artigos. Enquadrou-se práticas i.40 nas 6 ações do framework.

O uso de CPS auxilia a gestão do ciclo de vida e ações Loop do framework ReSOLVE. A maioria das práticas i4.0 analisadas se encaixam em Optimize. O compartilhamento de ativos e recursos(Share) é ponto central da EC, a i4.0 se beneficia diretamente desta prática. A virtualização de ativos(Virtualize) necessita de investimento tecnológico em ferramentas da i4.0. Robótica e manufatura aditiva alinham o processo produtivo tanto à i4.0 quanto à EC através da substituição de tecnologias antigas por inovações eficientes(Exchange). Analisou-se a falta de sinergia entre a i4.0 e ações Regenerate da EC.

O caminho para a transição entre o modelo linear atual e a máxima valorização do capital natural abordada pela EC é baseada na inovação tecnológica, proporcionando maior eficiência em processos produtivos e benefícios ambientais. O framework ReSOLVE apresenta grande subjetividade de interpretação do usuário, uma vez que é estritamente qualitativo. Ambos os temas abordados apresentam-se na fase inicial de seus estudos e desenvolvimento, por mais que muito se invista nos mesmos. Desta forma, há a necessidade de futuras investigações em cada tema de forma separada e também suas sinergias.

Ellen Macarthur Foundation (2015). Delivering the Circular Economy: A toolkit for policymakers. Hozdić, Elvis. (2015) Smart factory for industry 4.0: A review. International Journal of Modern Manufacturing Technologies. , 2, 1, 2067-3604 Luthra et al. (2018) Evaluating Challenges to Industry 4.0 initiatives for supply chain sustainability in emerging economies. Process Safety And Environmental Protection. 117,168-179. Murray et al (2017) The Circular Economy: An Interdisciplinary Exploration of the Concept and Application in a Global Context. Journal of Business Ethics. 140, 3, 369-380.