Resumo

O Fair Trade iniciou-se em meados do século XX e visou a constituição de novos tipos de laços entre produtor e consumidor. Dada a importância dessa iniciativa, o cerne da pesquisa aqui proposta é a avaliação da difusão da produção científica a respeito do tema. Portanto, tendo como base outras pesquisas (SILVA-FILHO e CANTALICE, 2011; ZANDONÁ et al, 2009), este artigo busca promover um estudo bibliométrico que permita traçar um panorama mais claro do grau interesse acadêmico a respeito do Fair Trade, que integra o conjunto de práticas de gestão ambientalmente engajadas.

O questionamento que norteia o esforço de pesquisa é o seguinte: como tem se dado o interesse da comunidade acadêmica internacional, em termos de geração e propagação do conhecimento, em relação ao Fair Trade, desde 2010? Desta forma, tem-se por objetivo apresentar uma visão quanto ao “estado das artes” no tocante à pesquisa sobre Fair Trade, a partir de parâmetros relativos à publicação de estudos sobre o tema e à difusão do conhecimento produzido por meio da avaliação das citações feitas a essas pesquisas.

Progressivamente, o movimento Fair Trade se formalizou e o processo de transição para uma rede comercial se deu por conta de três fatores: as lojas especializadas, a introdução de produtos alimentares nesse circuito comercial, e o surgimento das empresas de certificação (BISAILLON, GENDRON, TORRES, 2009). A rede de Fair Trade propõe uma aproximação entre o produtor do Sul e o consumidor do Norte. É importante, ainda, apresentar os atores envolvidos na cadeia produtiva do Fair Trade Rocha e Ceccon (2010): o produtor, importadoras, plataformas de comercialização dos produtos e consumidor.

A abordagem metodológica consiste na análise bibliométrica da literatura focada no Fair Trade, com recorte temporal de 2010 a 2017. Recorreu-se à Web of Science, uma ferramenta disponível para a análise de citações científicas a partir de um banco de dados robusto, com os principais periódicos, livros e anais. O estudo bibliométrico tem caráter exploratório-descritivo e pretende realizar uma extensão da análise exposta em outros trabalhos, como o de Silva-Filho e Cantalice (2011) e o de Zandoná et al. (2009). Foi conduzida também uma análise bibliométrica a partir do modelo Hirsch-Banks.

Os anos de 2010 e 2016 despontam como ápices da produção científica, com 80 e 79 publicações, respectivamente. Entre esses dois anos, há tendência ascendente de produção. Nas citações houve um crescimento anual contínuo, excetuando-se o ano de 2017. Na analise do campo de estudo, percebeu-se um caráter multidisciplinar, pois tem-se uma dispersão temática considerável. Na seção de classificação dos artigos mais influentes, foram encontrados 17 trabalhos mais citados. Obteve-se o valor de 27 para o índice h-b e 3,375 para o índice m. Com o alto valor de m, entende-se ser um “tópico quente”.

Os resultados encontrados corroboram uma tendência de ampliação do interesse acadêmico pelo Fair Trade. Ainda que a linearidade dessa evolução de interesse tenha sido comprometida por aspectos como a queda da produção de trabalhos sobre o tema em 2017, entende-se que o conjunto dos dados e análises aqui apresentados apontam para um cenário positivo, no qual se tem uma comunidade multidisciplinar interessada pelo tema Assim sendo, sugere-se que há um envolvimento importante da comunidade científica no que diz respeito a temas que abrangem a dimensão da sustentabilidade.

SILVA-FILHO, J.C.; CANTALICE, F. Fair Trade (comércio justo) como um ‘Tópico Quente’ internacional e sua abordagem no Brasil. Revista Eletrônica de Estratégia e Negócios, pp.223-244, 2011. ZANDONÁ, L. et al. Green Marketing: uma Análise daEmergência Temática. In ENCONTRO NACIONAL DE GESTÃO E MEIO AMBIENTE, IX, Fortaleza, 2009. BISAILLON, V. et al. Quel commerce équitable pour demain? Pour une nouvelle gouvernancedeséchanges. Canadá: ÉditionsÉcosociété, 2009. ROCHA, B.C.; CECCON, E. La reddel Comercio Justo y sus principalesactores. InvestigacionesGeograficas, México, Vol.71, pp.88-101, 2010.