Resumo

A partir de meados do século XX tornaram-se mais evidentes as relações e impactos entre o ambiente, as organizações e nosso bem-estar. Desde então, tem se destacado a ação social e a sua estrutura, no intuito de compreender problemas de sustentabilidade tais como as necessidades por água e alimentos, movimentos migratórios, altos índices de desemprego, criminalidade, direito à saúde e moradia, etc. Esses problemas e outros são reconhecidos internacionalmente. Diante disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu objetivos de sustentabilidade (ONU, 2016).

O artigo pretende colocar em perspectiva as práticas de sustentabilidade social e cultural de Organizações Sem Fins Lucrativos (OSFL) no Brasil (Londrina) e na Itália (Rimini), comparando-as sob a perspectiva de seu efeito transformador nas comunidades as quais pertencem (DUXBURY e GILLETE, 2007). O quê um país poderia aprender com o outro, no sentido de decifrar as razões e, não obstante, apontar caminhos para minimizar seus problemas. Para tanto, questiona-se quais as aproximações e diferenças que Brasil e Itália apresentam diante de suas práticas socioculturais sustentáveis.

Existem OSFL de toda ordem, principalmente com relação aos seus objetivos e a forma com que interagem com a comunidade (TRAVAGLINI, 2008). Via de regra, promovem o bem-estar através de ações diversas, ancoradas em sistemas econômico, político, social e cultural diversos. Em geral tais práticas ou efeitos, visam promover uma melhoria no bem-estar social (MEDEY, 2004). Apoiadas em ações socioculturais, as OSFL podem interferir diretamente na vida dos indivíduos, pois agem de acordo com as necessidades que emergem das comunidades.

A investigação se caracteriza pela abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. O estudo de caso foi definido para estratégia de pesquisa, pois conforme Godoy (2010) é indicado para estudos comparativos “culturais”, entre países ou regiões. A categoria de análise adotada foi “práticas de sustentabilidade socioculturais em OSFL-Br e OSFL-It”, cujas unidades de análise são as OSFL-Br e OSFL-It. Como critério inicial, foram escolhidas as OSFL-Br que se destacam nas distâncias geodésicas mapeadas por meio do estudo quantitativo de Conte (2017), que apresentou uma análise de estrutura em rede

A análise de dados de acordo com Câmara (2013), resolveu-se adotar e seguir fases distintas, tanto no Brasil, como na Itália. Primeiro a análise das entrevistas, algumas das quais indicaram dois atores, um do primeiro setor e o outro do segundo; por fim, fez-se um recorte das principais falas, refutando-se ou acatando-se as teorias apresentadas anteriormente (nas categorias e subcategorias, cujas características preservam os dados das mensagens de maneira objetiva (BARDIN, 1977).

Conclui-se também que, através das práticas socioculturais das organizações, a sustentabilidade deixa de ser um conceito etéreo e se materializa nas ações, que contribuem para a formação de uma civilização com uma nova consciência, conforme preconiza Sachs (2002). Neste sentido, no Brasil embora não se tenha tantos recursos e apoio como na Itália, foi constatado que as OSFL-Br têm um papel fundamental na promoção do bem-estar, cumprindo a sua missão por meio de práticas sociais sustentáveis, com a finalidade de diminuir as desigualdades em sociedades com realidades distintas.

BENASSI, C. L’arretratezza del Mezzogiorno. Le idee, l’economia, la storia, a cura di Cosi mo Perrotta e Claudia Sunna, Milano, Bruno Mondadori, 2012, pp. 12-306. Book Reviw. Alma Mater Studiorum Università di Bologna, Dipartimento di Scienze Economiche. BANDINI, Federica; AMBROSIO, Giusepe. Profit-non profit uma partnership di valore: storia, evoluzione e prospecttive in Itália. Franco Angeli: Milano, 2013. CAMARA, R.H. Análise de conteúdo: da teoria à prática em pesquisas sociais aplicadas às organizações. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, v.2, 6, jul-dez, 2013, 179-191