Resumo

As corporações têm sido pressionadas por seus stakeholders para implantar iniciativas que estejam de acordo com os princípios da sustentabilidade socioambiental, além da econômica (AKTAS et al., 2013). O tema promove a reconfiguração das atividades operacionais e, gradativamente, tem chegado à alta gestão das organizações, garantindo que as mudanças ocorram em nível estratégico (FEIL et al, 2015). Uma gestão estratégica eficaz torna possível a geração de resultados econômicos, sem permitir que a sustentabilidade socioambiental seja deixada de lado.

O estudo pretende buscar uma resposta à seguinte questão: É possível relacionar o sucesso econômico de uma empresa ao fato da mesma valorizar, em sua atuação, a mitigação do impacto que suas ações causariam ao meio ambiente? O estudo tem como objetivo discutir sobre a importância e aplicabilidade da gestão estratégica nas organizações na construção de vantagens competitivas e suas relações com a responsabilidade socioambiental. O intuito é apresentar a atuação estratégica como essencial à responsabilidade e performance socioambiental, independente do porte da organização.

As estratégias e o planejamento são componentes essenciais no alcance dos objetivos e na construção da vantagem competitiva e devem contemplar as dimensões econômica e socioambiental (ANDRADE et al., 2012). A sustentabilidade estratégica empresarial não poderá ser alcançada sem levar em conta o tripé da sustentabilidade (OLIVEIRA et al. 2012). Adotar o tripé da sustentabilidade não envolve custos adicionais e gera resultados positivos para as empresas (CAVALCANTE et al., 2007). O relatório de sustentabilidade demonstra a amplitude do compromisso socioambiental da empresa (CORRÊA et al. 2012).

A revisão de literatura discutiu a necessidade e importância de uma visão estratégica pactuada com o desempenho social, ambiental e, consequentemente, econômico. Como evidência empírica, foi realizada uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa utilizando como fonte de dados os Relatórios de Sustentabilidade 2016 e 2017 da empresa Honda, uma multinacional presente na América do Sul há 45 anos, que desenvolve ações que exemplificam e expõem o quão promissor pode ser um modelo de gestão estratégica em conexão com a responsabilidade socioambiental.

Para incorporar o tripé da sustentabilidade, a Honda realizou uma pesquisa com seus stakeholders. Para alcançar equilíbrio e perenidade do negócio, a empresa focou em: qualidade e segurança do produto; performance ambiental dos produtos; satisfação do cliente; inovação; governança corporativa; compromisso social e ambiental. Na área ambiental, a empresa elaborou estratégias, com dataque para a implantação do Parque Eólico, em Xangrilá/RS, com investimento de R$ 107 milhões. Além da economia, o projeto possibilitou que a Honda deixasse de emitir 18 mil toneladas de CO2 na atmosfera.

A análise da Honda S/A permite concluir que a construção da vantagem competitiva de uma organização está diretamente ligada à visão estratégica da alta gestão, que deve estar alinhada às dimensões econômica, social e ambiental. Na empresa estudada, as ações estratégicas tomadas para contemplar o tripé da sustentabilidade promoveram a reconfiguração das atividades, gerando mudanças em todos os níveis da organização: operacional, tático e estratégico. Os resultados obtidos pela empresa envolvem: redução de custos, imagem positiva, compromisso social e preservação ambiental.

AKTAS, R. et al. Corporate sustainability reporting and analysis of sustainability. Int. Jour. Eco. Finance, v. 5, n. 3, p. 113-125, 2013. CORRÊA, R. et al. Evolução dos níveis de aplicação de relatórios de sustentabilidade. Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 7, n. 2, p.24-40, 2012. FEIL, A.A. et al. Mensuração da Sustentabilidade das Corporações com Selo ISE. Ambiente Contábil, v. 7, n. 1, p. 254- 272, 2015. OLIVEIRA, L.R. et al. Sustentabilidade: da evolução dos conceitos à implementação como estratégia nas organizações. Produção, v. 22, n. 1, p.70-82, 2012.