Resumo

A transição para uma população essencialmente urbana traz desafios para o planejamento, desenvolvimento e operação das cidades. Neste contexto, originam-se as chamadas cidades inteligentes que pressupõem a existência de uma mobilidade inteligente. Curitiba, referência mundial em planejamento urbano e iniciativas ambientais inteligentes, é reconhecida como uma cidade inteligente e destaca-se por seu projeto pioneiro do sistema BRT (Bus Rapid Transit). No presente estudo a mobilidade urbana da cidade foi analisada a partir de seus aspectos históricos.

Neste sentido, buscou-se responder ao seguinte problema de pesquisa “De que forma se desenvolve a transição para a mobilidade urbana inteligente em Curitiba?”. O estudo buscou analisar a transição para uma mobilidade inteligente na cidade, à luz da teoria socio-técnica da inovação.

Este estudo foi desenvolvido com base na abordagem da transição socio-técnica da inovação e na temática da mobilidade urbana inteligente. A transição socio-técnica é um processo multiatores, de longo prazo e de múltiplas instituições que exige mudanças em sistemas socio-técnicos e a criação e uso de inovações técnicas de aplicação na sociedade. Quanto à mobilidade inteligente, há uma dificuldade em conceituá-la, mas este trabalho levanta algumas concepções encontradas na literatura atual.

O estudo aborda aspectos históricos marcantes da mobilidade urbana da cidade de Curitiba e, a partir deles, o levantamento de sinalizações relacionadas à mobilidade urbana inteligente. Expõe também um caso ilustrativo de inovação que se configura como uma iniciativa de transição para a mobilidade inteligente na cidade. Com uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, o estudo apresenta uma análise documental não exaustiva cujo propósito não foi o de trazer conclusões definitivas, mas, sim, propor uma reflexão acerca da mobilidade urbana inteligente.

A partir da retrospectiva histórica do planejamento urbano de Curitiba-PR, identificamos aspectos marcantes da mobilidade urbana da cidade e elaboramos uma linha do tempo ilustrativa das iniciativas consideradas sinalizações rumo à transição para a mobilidade inteligente. Com o intuito de analisar de que forma está se desenvolvendo na prática este processo de transição, apresentamos também o caso ilustrativo do Hibribus, projeto em nível de nicho desenvolvido na cidade de Curitiba.

Confrontando o histórico do sistema de mobilidade de Curitiba com o discurso de mobilidade inteligente levantado neste trabalho, foram identificadas algumas sinalizações de mobilidade inteligente. O estudo reforça os fundamentos da teoria socio-técnica da inovação ao mostrar iniciativas de nicho e o surgimento de tecnologias emergentes que apresentam uma oportunidade para modificação do regime vigente. Tais mudanças ocorrem em um horizonte de tempo de longo prazo, podendo tomar uma a duas gerações para se constituir como tecnologias dominantes no sistema.

Principais autores: Agência Curitiba (2012, 2016, 2017); Amaral (2014); Andrade e Galvão (2016); Banister (2008); Carstens e Cunha (2018); Carvalho, Mingardo e Van Haaren (2012); Chun e Lee (2015); Duarte, Sánchez e Libardi (2009); Duarte e Ultramari (2012); Garau, Masala e Pinna (2016); Garcez (2006), Geels (2002, 2005a, 2005b, 2012); Harrison e Donnely (2011); IPPUC (2017); Loorbach (2007); Lyons (2016); Mejía-Dugand et al (2018); Papa e Lauwres (2015); Pires (2012, 2014); Schot e Kanger (2018); URBS (2009, 2012, 2015, 2016, 2017, 2018), WBCSD (2018); Zawieska e Pieriegud (2018).