Resumo

Enquanto a invenção do carro de motor com combustão interna virou uma inovação, o mesmo não ocorreu com o carro elétrico. Para tal basta que se traga à tona o que diferencia uma invenção de uma inovação, pois a inovação é uma invenção aprovado pelo mercado. Sob essa perspectiva é importante destacar que durante esse período da história, o ambiente não era favorável ao carro elétrico. Com as pressões da sociedade no sentido de se migrar para um modelo de desenvolvimento sustentável, surge o conceito de inovação sustentável, abrindo-se uma nova janela de oportunidade para o carro elétrico.

Como induzir mudanças tecnológicas na direção de tecnologias mais limpas, para a obtenção de um desenvolvimento sustentável? Em outras palavras, como difundir a tecnologia de produção de carros elétricos, os quais se apresentam, pelo menos no caso de grandes centros urbanos, como alternativa menos poluidora? Sendo assim, o objetivo do trabalho consiste em avaliar o processo de difusão da tecnologia de produção de carros elétricos sob a perspectiva da teoria da difusão das inovações (Rogers, 1995 e Hall, 2006).

A difusão de inovações tem sido estudada por diferentes perspectivas. Uma das referências têm sido os estudos de Rogers (1995). Segundo esse modelo as variáveis que interferem no processo de difusão de inovação são as seguintes: i) as características da inovação; ii) os canais de comunicação; iii) o tempo; iv) a natureza do sistema social e; v) os incentivos. Já o modelo conceitual proposto por Hall (2006) consiste das seguintes categorias de variáveis: benefícios potenciais da tecnologia; custos e obstáculos ao processo de difusão; efeito rede; tamanho do mercado; papel da informação.

Com o objetivo de avaliar o processo de difusão do carro elétrico o presente artigo partiu de uma revisão de literatura, destacando-se os temas difusão de inovações e estudos que avaliam tanto a produção com as perspectivas da utilização do carro elétrico (vantagens e desvantagens, barreiras e incentivos). A partir da revisão de literatura definiu-se uma estrutura de análise (um framework), denominada de Variáveis Determinantes na Adoção de uma Inovação. De posse dessa estrutura de análise foi feita uma análise qualitativa e crítica do comportamento de cada uma das possíveis variáveis.

Atributos percebidos da inovação: o carro é mais eficiente, apresenta menor custo de manutenção, menor ruído e redução de gases; Canais de comunicação: baixo investimento na comercialização dos carros elétricos; Natureza do sistema social: Necessidade de infraestrutura; Custos e obstáculos: Altos custos na aquisição e investimentos na infraestrutura; Efeito rede: não existe uma rede de apoio aos usuários; Tamanho do mercado: Importante elemento motivador e propulsor da difusão do carro; Papel da informação: Não existem campanhas de divulgação; Incentivos governamentais: Não existem.

Analisando as informações levantadas junto à publicações relacionadas ao processo de difusão do carro elétrico no Brasil sob a perspectiva dos modelos de Rogers (1999) e Hall (2206), é possível concluir que sob a perspectiva dos autores existem ainda enormes barreiras ao processo de difusão do carro elétrico no Brasil, destacando-se a falta de uma política de incentivos governamentais de longo prazo, a definição de um regramento claro e eficiente, bem como a necessidade de criação de toda uma infraestrutura de suporte.

BARAN, R.; LEGEY, L. F. Veículos elétricos: história e perspectivas no Brasil. In: XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA, novembro de 2010. HALL, B. Innovation and Diffusion. In. Fagerberg, J.; Mowery, D.; Nelson, R. (Ed.) The Oxford Handbook of Innovation. New York: Oxford University Press, 2006. ROGERS, Everett M. Diffusion of innovations. 4. ed. Nova York: The Free Press, 1995. VELOSO, J. P. R. (coordenador). Estratégia de Implantação do Carro Elétrico no BrasiL. Cadernos Fórum Nacional, INAE, Rio de Janeiro, 2010.