Resumo

O desperdício de alimentos é um tema que está sendo bastante estudado pela literatura (Richter & Bokelmann, 2017), principalmente após o lançamento da Agenda 2030 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das metas da Agenda 30 é que os países busquem alcançar uma gestão sustentável, reduzindo pela metade o desperdício de alimentos per capita (ONU, 2015). Devido a isso, estudar aspectos relacionados a esse processo pode contribuir para a diminuição nos níveis de desperdício de alimentos, especialmente de frutas, legumes e verduras.

Estudar o comportamento do consumidor na hora da compra de hortifrúti é justificado pois a compra em excesso é um dos principais responsáveis pelo desperdício doméstico (Richter, 2017). Assim, o principal objetivo desse artigo é analisar consumidores que afirmam contribuir para o desperdício ou descarte de itens de hortifrúti sob os aspectos da Impulsividade e do Prazer de Comprar (ou hedonismo). Também visou identificar qual o motivo mais comum para descarte dos itens de hortifrúti comprados, e traçar o perfil socioeconômico desses consumidores.

O comportamento de consumidor está relacionado exatamente com o meio em que ele vive e seu psicológico, segundo Alberti (2017) a pessoa realiza a aquisição para satisfazer uma necessidade de realização pessoal, para que assim possa se sentir, momentaneamente, contente até que um novo desejo se crie e esse indivíduo volte a comprar. De acordo com Terblanche (2018) fazer compras não é mais simplesmente a mera ação de adquirir algo, e sim uma experiência, hoje em dia os consumidores esperam por algo que seja, atrativo, interativo, para que assim possam criar essa sensação na aquisição do produto.

O instrumento de pesquisa foi elaborado em três partes: a primeira era responsável por capturar dados referente a hábitos de compra do consumidor e o posicionamento do mesmo em relação ao desperdício de itens de hortifrúti; a segunda parte foi responsável por mensurar a impulsividade na compra; e a terceira e última parte serviu para a coleta de dados socioeconômicos dos respondentes. Para a mensuração do constructo impulsividade, esta pesquisa utilizou a escala retirada do Consumer Styles Inventory (CSI) de Sprotles & Kendall (1986).

As variáveis latentes utilizadas na pesquisa foram baseadas nas escalas desenvolvidas por Sprotles & Kendall (1986), que buscam analisar diferentes estilos que os consumidores podem manifestar na tomada de decisão na hora da compra. Dentre os 8 estilos propostos por Sprotles & Kendall (1986), entre trabalho aborda 2 estilos separadamente, o que trata da Impulsividade na compra e o do Hedonismo. Assim, para analisar a impulsividade na compra, foi utilizado os itens da escala que mensuram um comportamento de compra impulsivo, sem cuidado.

O principal objetivo deste trabalho era identificar qual entre os dois estilos, Hedônico e Impulsivo, era mais observado em consumidores que fazem compras de itens de hortifrúti e afirmam que ocorre desperdício dos mesmos em sua residência. Como resultado, obteve-se que esses consumidores compram mais pelo prazer que veem na situação do que motivado pela impulsividade. Em cada compra, pelo menos um item de hortifrúti é descartado. Esses resultados, embora obtidos com uma amostra pequena, possibilitam uma visão geral a respeito do desperdício.

Richter, B., & Bokelmann, W. (2017). Explorative study about the analysis of storing, purchasing and wasting food by using household diaries. Resources, Conservation and Recycling, 125(June), 181–187. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2017.06.006 Sprotles, G. B., & Kendall, E. L. (1986). A methodology for profiling consumers’ decision making styles. Journal of Consumer Affairs, 20(2), 267–279. UN, U. N. (2015). Transforming our world: the 2030 Agenda for sustainable development. Resolution adopted by the general assembly on 25 septemper 2015, 15751(October), 1–22.