Resumo

Título do Artigo

CADEIA PRODUTIVA DO PESCADO NO AMAZONAS: A PERSPECTIVA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
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Tema

Estudos da amazônia

Autores

Nome
1 - Neuzaí Marreiros Barbosa
Universidade Federal do Amazonas -
2 - Rita de Cássia Lopes Moro
Escola de Artes, Ciências e Humanidades USP - Responsável pela submissão
3 - Adriana Marotti de Mello
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) -

Reumo

Os rios da Amazônia são muito produtivos e hoje os peixes dessa região são a maior fonte de consumo da população de Manaus. O Amazonas é o maior mercado consumidor per capita de pescado no país. Segundo dados da Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas, em 2017 a pesca extrativa no estado foi de 139.639 toneladas. Contudo, 15% desse volume é desperdiçado, em razão da falta de locais adequados de armazenagem, transporte precário e falta de logística para exportar a produção excedente, tornando o estado uma grande potência em geração de resíduos, mas com descarte inadequado.
Buscou-se responder à seguinte questão de pesquisa: como está configurada a cadeia do pescado artesanal que supre as feiras em Manaus em 2018 e qual a destinação dos resíduos sólidos? Para tanto, identificou-se os principais atores da cadeia produtiva do pescado artesanal no Amazonas, objetivando mapeá-la e analisar como essa cadeia se configura, tendo como foco final o abastecimento das Feiras da Panair e Manaus Moderna. Objetivou-se suprir lacunas na bibliografia, uma vez que a contribuição do setor pesqueiro na região tem sido bastante subestimada quanto à geração de emprego e renda.
A cidade de Manaus recebe uma diversidade de pescadores vindo de vários lugares do Amazonas, como os ribeirinhos autônomos, intermediários que compram o pescado no interior, e de pescadores dependentes que trazem o produto à cidade (Ruffino, 2007). No Brasil, 70% do volume de resíduo de pescado são descartados de forma incorreta, sendo destinado a coleta de lixo urbana ou lançados no próprio rio (Silva et al., 2017). Ferreira (2016) identificou que a presença de atividades correlatas pode melhorar a competitividade além de impactar positivamente na utilização dos subprodutos.
A pesquisa é do tipo descritiva, com abordagem qualitativa. Quanto aos meios, trata-se de pesquisa de campo, usando as entrevistas pessoais como dados primários. Os dados secundários foram obtidos do site da Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas – SEPROR-AM. Nas entrevistas foram abordados aspectos comerciais, ambientais e socioeconômicos. As entrevistas foram realizadas nos meses de julho e agosto com os atores da cadeia produtiva de pescado artesanal.
A cadeia produtiva é bastante ramificada e complexa. O pescado passa por diversas mãos até chegar ao consumidor final. Isso favorece o desperdício, pois as condições de armazenagem não são adequadas e o transporte pelos rios do Amazonas demanda bastante tempo. O peixe é comercializado sem as vísceras, que são jogadas em depósitos de lixo. Os entrevistados sabem que os resíduos do pescado podem ser usados na produção de farinha de peixe e em couro, mas não existem parcerias com empresas coletoras e até mesmo com cooperativas. A prefeitura não implementou qualquer ação para resolver o problema.
Pesquisas apontam alternativas de reaproveitamento e reintegração de resíduos à outras cadeias produtivas, por meio dos conceitos da economia circular, gerando criação de valor compartilhado e atuando na prevenção da poluição ambiental. Mas as evidências apontaram que os resíduos de pescado são descartados no lixo comum ou no rio. Ainda que sejam separados pelos feirantes, não há empresas ou cooperativas que os coletem. A adoção de políticas públicas educativas é importante para construção de uma sociedade mais participativa e ativa, contribuindo para a adoção de melhores práticas.
Ruffino, M. (2007). O setor pesqueiro na Amazônia: situação atual e tendências. Coleção Estudos Estratégicos. ProVárzea-Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Várzea, Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, MMA. Silva, M., Pighinelli, L., Zanin, G., & Broquá-jsb, J. GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA INDÚSTRIA PESQUEIRA PARA PRODUÇÃO DE BIOMATERIAIS. Ferreira, G. T. C. Competitividade da cadeia produtiva do Arapaima gigas, o pirarucu da Amazônia brasileira (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo). Acesso em: 2018-08-16.