Resumo

O propósito deste trabalho é identificar a tipologia de cultura organizacional, segundo o modelo proposto por Cameron e Quinn (2006), predominante nos Correios do Ceará que atravessam um processo de transformação organizacional com significativo impacto no comportamento dos empregados frente às mudanças propostas ao longo das reformas do Estado. Os resultados alcançados indicam que existem dois tipos de cultura organizacional predominante na empresa: hierárquica e clã, evidenciando que as mudanças requeridas pela empresa podem ser bloqueadas por resistências oriundas dessas culturas.

Estudiosos confirmam a importância da cultura organizacional no meio empresarial, dentre eles destacam-se: Cameron e Quinn (2006) e Schein (2017). Realizando-se uma busca nas plataformas spell e scielo encontrou-se um total de 993 artigos referentes ao tema, mas nenhum relacionado às tipologias de cultura nos Correios. O objetivo deste estudo é analisar a tipologia de cultura organizacional predominante nos Correios. Diante dessa abordagem, formula-se o seguinte problema de pesquisa: qual a tipologia de cultura organizacional predominante nos Correios do Ceará?

Os Correios vêm passando por vários processos de mudança ao longo dos anos (BORENSTEIN et al., 2004). Todo o processo de mudança está relacionado a cultura organizacional, neste artigo compreendido pelos conceitos de Cameron e Quinn. Cameron e Quinn (2006) asseveram que a cultura organizacional fornece mensagens não escritas de como se dá bem nas organizações. Os autores desenvolveram um quadro de valores que culminaram em quatro tipos de culturas que são alocadas de acordo com as características das organizações. São elas: culturas clã, adhocrática ou inovadora, de mercado e hierárquica.

O estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza quantitativa, por meio do método survey e finalidade analítico-descritiva. População de 1.152 empregados e amostra de 241. Os dados coletados foram inicialmente digitados em planilha Excel e revisados a partir dos questionários que foram completa e corretamente respondidos e, assim, considerados válidos, formando uma base de dados de acordo com as variáveis definidas para cada respondente e tratados por meio do software estatístico statistical package for the social sciences–SPSS, com a análise dos gráficos de probabilidade e normal ou Q-Q

Verificou-se que o tipo de cultura organizacional predominante nos Correios em Fortaleza foi a hierárquica, refletindo as características estipuladas por Cameron e Quinn (2006) quando aponta para relações de trabalho hierarquizados e estáveis, com preocupação no cumprimento de normas, regulamentos e foco no ambiente interno. Identificou-se diferentes tipos de culturas para a mesma organização, o que é natural, mas somente um tipo é predominante por um certo período, conforme evidenciado por Deshpande e Webster (1989), fato identificado nos Correios com a cultura hierárquica.

Com base na tipologia de cultura organizacional, conclui-se que a empresa é caracterizada pela cultura hierárquica, com regras e políticas que garantem a integração e enfatizam o ambiente interno. A preocupação de longo prazo é a estabilidade, previsibilidade e eficiência, o que deverá ser feito mediante ações voltadas para o comportamento organizacional. Para estudos futuros sugere-se ampliar a pesquisa para outros Estados, a fim de obter uma visão mais ampliada do todo corporativo. Dessa forma, seria possível desenvolver ações institucionais para implantar as mudanças requeridas.

BORENSTEIN, Denis et al. Measuring the efficiency of Brazilian post office stores using data envelopment analysis. International Journal of Operations & Production Management, v. 24, n. 10, p.1055-1078, 2004. CAMERON, K. S.; QUINN, R. Diagnosingandchanging organizacional culture: basedonthecompetingvalues Framework, revisededition, San Francisco, Jossey-Bass, 2006. DESHPANDE, R.; WEBSTER, F. Organizational culture and marketing: de?ning the research agenda. Journal of Marketing, v. 53, p. 3-15, 1989. SCHEIN, E. H. Cultura organizacional e liderança. São Paulo: Atlas, 2017.