Resumo

Título do Artigo

A RACIONALIDADE SUBSTANTIVA DAS PRÁTICAS DE AUTOGESTÃO: Uma análise sobre as dinâmicas organizativas de mulheres na Economia Solidária sob a perspectiva da história oral
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Tema

Estudos organizacionais em sustentabilidade

Autores

Nome
1 - MARIA DE NAZARE MORAES SOARES
Universidade Federal do Ceará - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Responsável pela submissão
2 - Sílvia Maria Dias Pedro Rebouças
- Universidade Federal do Ceará (UFC)
3 - José Carlos Lázaro da Silva Filho
Universidade Federal do Ceará - UFC - Universidade Federal do Ceará

Reumo

A Economia Solidária [ES] surgiu em um cenário permeado de restrições ao mercado de trabalho e de necessidade de geração de renda. A organização de empreendimentos, grupos informais, redes, arranjos produtivos e iniciativas alternativas que se constituem no âmbito do terceiro setor. De fato, as experiências da ES ganharam expressão frente às alterações ocorridas no mundo do trabalho, como a precarização das relações de trabalho formal (Singer, 2008). No Brasil as estratégias surgiram em um cenário de desemprego estrutural, atraindo, sobretudo, as mulheres, que são as mais afetadas em (...)
A pesquisa tem o objetivo de discutir a racionalidade substantiva no contexto da ES, especificamente no contexto das práticas de autogestão de mulheres da Rede Economia Solidária e Feminista [RESF], a partir das vozes das próprias mulheres. Considerando a observação dos estudiosos sobre a existência, na ES, de princípios e valores norteadores de reciprocidade que transcendem o sentido econômico, como a autogestão, a cooperação e a solidariedade nas relações (Arruda, 2008; Ostrom, 2000; Singer, 2008). E considerando que tais preceitos influenciam na forma como a gestão ocorre no cotidiano (...)
A exegese de Guerreiro Ramos converge para dois dos quatro tipos de racionalidades identificados nos escritos de Max Weber, que formam um dos pares típico-ideais de racionalidade: a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva. A racionalidade substantiva é o objeto de estudo maior dos escritos Guerreiro Ramos, bem como a tensão existente na prática das organizações entre os dois tipos de racionalidades (Weber, 1994; Ramos, 1989). Considerando o debate sobre a racionalidade, a Economia Solidária se desenvolve, sob o ponto de vista teórico, e principiológico, a partir (...)
A perspectiva adotada para as etapas de coleta e análise dos dados é a da história oral, especialmente sob o enfoque da nova história, através de entrevista e observação. Para Godoi, Bandeira de Mello e Silva (2006, p.182), a história oral privilegia vozes esquecidas, ou invizibilizadas. Para os autores, a partir dessa perspectiva do que está na periferia, é possível registrar “reinvidicações, angústias, sugestões, críticas e apreender seus pontos de vista” que podem contribuir para a compreensão da vida organizacional contemporânea. Portanto, trata-se de uma busca por representatividade (...)
Ao analisar a racionalidade substantiva das práticas de autogestão em dinâmicas de grupos de mulheres da Economia Solidária, é necessário observar as características de tais práticas organizativas, visando identificar se a organização se comporta de forma substantiva (Serva, 1993). A primeira característica que apontada por Ramos (1989) que reflete a racionalidade substantiva nas organizações é a orientação para valores, notadamente sob a primazia da ação coletiva, respeito às diferenças individuais, busca de equilíbrio entre indivíduo e organização. Nesse sentido, as mulheres da (...)
As dinâmicas organizativas de mulheres na Economia Solidária, sob o paradigma da autogestão, revelam uma forma alternativa de produzir e comercializar, aproximando as dimensões do trabalho e da vida de forma a permitir a construção de uma Economia inclusiva, que se baseia em valores, pratica a democracia, compartilha os processos de tomada de decisão, e, por conseguinte, os processos de aprendizagem. Enfim, a abordagem do tema da racionalidade substantiva em Guerreiro Ramos e suas contribuições para a ES, em uma perspectiva teórica e prática, que, contudo, necessitam de aprofundamento (...)
(...) Ramos, A. G. (1989). A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas. Rosa, A. ; Alcadipani, Rafael (2013). A Terceira Margem do Rio dos Estudos Críticos sobre Administração e Organizações no Brasil: (Re)pensando a Crítica a Partir do Pós-Colonialismo. In: RAM. Revista de Administração Mackenzie (Impresso), v. 14, p. 186-215. Rothschild, J.; Whitt, J. A. (1986). The Cooperative Workplace: Potentials and Dilemmas of Organizational Democracy and Participation, Cambridge University Press, Cambridge, 1986. (...)