Resumo

Sabe-se que o mau gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos recicláveis pode acarretar impactos negativos, tanto de ordem sanitária, quanto de ordem ambiental, social e econômica para a localidade e seu entorno. O vidro, embora seja considerado um material com alto potencial de reciclabilidade vem apresentando dificuldade para ser reinserido em novos ciclos de produção. Embalagens de vido oco são diariamente usadas em residências, bares, lanchonetes, restaurantes e também na embalagem de produtos não alimentícios.

Este artigo apresenta os resultados de um estudo aprofundado e contextualizado sobre os problemas existente na comercialização de embalagens de vidros encaminhadas ao sistema de coleta seletiva da cidade de Londrina-PR.

A fundamentação teórica discute a estrutura do setor e a cadeia de produção das embalagens vítreas no Brasil e apresenta alguns estudos em que se evidenciam as dificuldades no processo de venda e no transporte do material pós-consumo triado em caco para as indústrias vítreas.

O estudo de âmbito quantitativo e qualitativo, utilizando-se de levantamento de dados primários e secundários, abarcou as sete cooperativas de reciclagem que possuem contrato de prestação de serviço junto a prefeitura.

A análise permite concluir que a longa distância a ser percorrida pelo material triado até o seu destino para beneficiamento implica num baixo preço de venda no mercado local e um ganho inexpressivo para os cooperados. Os materiais vítreos possuem dificuldade para serem comercializados e estão entre aqueles economicamente menos interessantes para as cooperativas, intensificando a elevada fragilidade social dos cooperados.

As cooperativas desempenham um papel importante na cadeia reversa das embalagens vítreas, possibilitando múltiplos benefícios econômicos e ambientais para o setor vidreiro nacional. Entretanto, são o elo mais frágil da cadeia com exíguo valor recebido pelo material recuperado, o que reflete a estrutura de oligopsônio do setor. Os órgãos públicos precisarão intervir na promoção do retorno dos materiais ao ciclo produtivo e na recaptura do valor das embalagens de vidro pós-consumo implicando em maiores compromissos e benefícios para todos os agentes da cadeia.

AKERMAN, M. Indústria do Vidro: economia de baixo carbono - avaliação de impactos de restrições e perspectivas tecnológicas. Relatório Final. Universidade de São Paulo: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, dez. 2014. Disponível em: http://www.comexresponde.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1427804659.pdf. Acesso em jun. 2019.