Resumo

Título do Artigo

Fundações Corporativas: a privatização da educação e as estratégias de legitimidade política via RSC
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Tema

Educação e sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Juliana de Souza Bittar-Godinho
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) - PPGA Responsável pela submissão

Reumo

A governança da educação no Brasil, como parte de um fenômeno global, tem cada vez mais se tornado alvo de filantropia das empresas e suas fundações corporativas (FC’s). Isto ocorre em um contexto de delegação de responsabilidades do setor público para o privado, por meio do aumento da presença deste último na consecução de políticas públicas de educação pública (Adrião, Garcia, Borghi, & Arelaro, 2009). Os munícipios e União então têm buscado parcerias com as empresas, sobretudo do setor de educação e com os outros setores conforme mostraremos nesta pesquisa.
Nesta conjuntura, a oferta de educação passa a ser não só expressão de filantropia, mas também um mecanismo pelo qual a empresa adquire legitimidade com o Estado, junto ao ambiente em que está operando e aumenta sua incidência junto ao espaço público. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar as estratégias adotadas por empresas que possuem fundações corporativas na adoção de estratégias de legitimidade política via RSC.
Segundo levantamento bibliográfico feito por Adrião (2018), há três dimensões de privatização da educação: privatização da oferta educacional, privatização da gestão da educação pública e privatização do currículo.Para Detomasi (2008), os principais objetivos da estratégia de responsabilidade social de uma empresa são: preservar sua legitimidade; garantir flexibilidade em relação às demandas do governo hospedeiro; e, ainda, prevenir barreiras protecionistas que poderiam prejudicar a vantagem competitiva da empresa. Nesse sentido, as empresas podem usar a RSC como um instrumento político.
Este trabalho é parte de um projeto maior de pesquisa de doutorado, em que foram analisados 104 relatórios de sustentabilidade das empresas brasileiras listadas na B3 nos períodos de 2015 a 2017. Após a busca, 110 relatórios de sustentabilidade foram encontrados. Para realizar a análise qualitativa do conteúdo dos relatórios de responsabilidade social das empresas brasileiras consideradas nesta investigação adotaram-se os mesmos procedimentos e critérios utilizados por Zhao (2012).
As estratégias que mais apareceram foram “Mudar arranjos políticos existentes” e “Fornecer inovação para a capacidade operacional e decisória do Estado”. Os dados mostram a a participação de empresas nas discussões nas mudanças no Ensino Médio e Ensino Fundamental, organização de fóruns com formuladores de políticas públicas para discutir tópicos educacionais.Há relação entre a privatização da educação (Adrião, 2018) com o uso da RSC como ferramenta de legitimidade política.
Diante dos papéis expostos, as FC’s têm potencial como participantes- não como líderes neste processo- desde que mudados os paradigmas estratégicos de suas empresas instituidoras. No panorama geral, é preciso que haja uma mudança do paradigma da “Responsabilidade social estratégica” para o paradigma mais participativo e democrático de uma “Responsabilidade Social Pública” implementada em sua plenitude, sem falsas roupagens.
Adrião, T., Garcia, T., Borghi, R., & Arelaro, L. (2009). Uma modalidade peculiar de privatização da educação pública: a aquisição de sistemas de ensino" por municípios paulistas. Educação E Sociedade, 30(108), 799–818. Himmelstein, J. L. (1997). Looking Good and Doing Good. Indiana University Press. March, J. G. (1991). Exploration and Exploitation in. Organization Science - Special Issue: Organizational Learning: Papers in Honor of (and by) James G. March, 2(1), 71–87. Saiia, D. H., Carroll, A. B., & Buchholtz, A. K. (2003). Philanthropy as Strategy. Business (Vol. 42).