Resumo

A Responsabilidade Social Empresarial é tema abordado na literatura desde, ao menos, a década de 1950. O trabalho inicia com abordagem histórica e contemporânea da RSE, trazendo os conceitos fundamentais. Em seguida, é apresentada a pesquisa empírica realizada com 25 empresas do Polo Moveleiro de Ubá, Minas Gerais. A pesquisa revela que as empresas conhecem e acreditam no potencial das ideias e práticas da RSE para contribuir para o desenvolvimento socioambiental, mas ainda não agem de forma estratégica e ligada às atividades centrais da empresa, estando as ações focadas na filantropia.

O objetivo da pesquisa é identificar e analisar o conhecimento e o comportamento das indústrias do polo moveleiro de Ubá quanto às práticas de RSE. O tema tem sua relevância atual, especialmente no Brasil, na necessidade de solução para diversos problemas socioambientais enfrentados, dos quais as empresas têm sua parcela de culpa e sobre os quais deve agir e assumir responsabilidade por suas ações e decisões. Ao identificar o nível de aplicação destas ideias nas empresas, a pesquisa pode contribuir para a divulgação do conhecimento e ampliar ações neste sentido nas empresas.

O conceito de RSE adotado é apresentado na ISO 26000, e significa a responsabilidade da organização pelos impactos de suas ações e decisões na sociedade e no meio ambiente. É o conceito utilizado em Yablonsky et. al (2017), que propõe um modelo de mensurar o desempenho das organizações, do qual a RSE é um dos pilares. O questionário foi adaptado deste trabalho. Carroll (1979, 1999) traz a abordagem histórica do conceito de RSE. Os trabalhos de Porter e Kramer (2006, 2011), Crane et. al (2014), Jamali e Karam (2018) e outros são abordados para discutir o conceito na atualidade.

A pesquisa é do tipo exploratória e descritiva, por tratar de um tema relativamente pouco explorado no país e por buscar descrever no contexto estudado qual o nível de conhecimento e aplicação do tema na realidade das empresas. A coleta dos dados foi realizada através de questionário composto por 23 questões fechadas, com escala de 1 a 5, e 4 questões abertas, e foi adaptado do trabalho de Yablonsky et. al (2017).

As indústrias estudadas revelam amplo conhecimento das ideias de RSE, acreditam no potencial de desenvolvimento socioambiental, mas não incorporam a RSE em sua estratégia. Priorizam aspectos como respeito à legislação, saúde e segurança dos funcionários no trabalho, práticas de negócio justas e informações claras aos clientes. Aspectos como a abordagem estratégica da RSE, desenvolvimento da comunidade local e apoio à arte e cultura são preteridos. A maior parte das empresas investe em RSE e as ações são, em sua maioria, pontuais e filantrópicas, com exceção de dois projetos de maior alcance.

O trabalho permite concluir que as ações informadas pelas empresas são importantes no contexto onde atuam, tendo em vista o apoio a diversas instituições assistenciais e esportivas. A gestão das empresas conhece a RSE, suas potenciais consequências positivas e as dificuldades de implantação. Porém, o poder e alcance das organizações estudadas permitiria ações mais estruturadas, ligadas às estratégias do negócio e que aliem o desenvolvimento socioambiental da comunidade local ao desenvolvimento da empresa. O comportamento das empresas neste sentido ainda é incipiente e de pouca abrangência.

Carroll, 1979, 1999; Carroll e Shabana, 2010; Crane et al, 2014; Freeman, 1984; INMETRO, 2010 ISO 26000; Jamali e Karam, 2018; Porter e Kramer, 2006, 2011; Yablonsky et. al, 2017