Resumo

Três grandes problemas preocupam as nações mundiais. São esses: poluição do ar, aquecimento global e segurança energética. Decorrente, de forma substancial do consumo e emissões do sistema de mobilidade. Para isso, os carros elétricos são uma possível solução mitigadora desses problemas. A mudança tecnológica não é simples e necessita de uma análise complexa, como a lente das transições sócio-técnicas. Desse modo, as barreiras são identificadas e então se analisa a situação brasileira.

Esse estudo pretende identificar as barreiras existentes para a transição de CEs e a situação do Brasil a esse processo.

Grandes setores da economia podem ser conceitualizados como sistemas sócio-técnicos, pois envolvem redes de atores, instituições, artefatos materiais e conhecimento. Cita-se como exemplo o suprimento de águas, energias e de transportes. Neste último, a tecnologia dominante é a de carros à combustão. No entanto, existe a tecnologia de nicho de carros elétricos que podem a substituir. Os carros elétricos podem ser divididos em quatro tipos: elétrico à bateria, híbrido, híbrido plug-in e célula de combustível.

Para encontrar as barreiras, utilizou-se o método SYSMAP (Scientometric and systematic yielding mapping process), de forma a apresentar, de forma sistemática e estruturada o processo de revisão de literatura, seguindo os passos: construção da coleção, filtragem para seleção dos artigos e por fim análise sistemática para análise de conteúdo. Resultando na leitura integral de 52 artigos científicos. Adicionalmente, utilizou-se repositórios de universidades e anais de eventos nacionais com referência ao tema estudado, além de relatórios informativos para análise do cenário brasileiro.

Foram encontradas 30 barreiras, que podem ser classificadas em: tecnológica, psicológica, financeira, sociocultural, infraestrutura, institucional e regulatória e sócio-técnica. Para mitigar essas barreiras diversos países fizeram uso de políticas públicas, incentivos e experimentação no nicho. No Brasil, há algumas ações isoladas: compartilhamento de carros, alguns projetos para infraestrutura de recarga e pequenos incentivos financeiros. Se comparar essas ações, a transição no Brasil é imatura, tendo seu início tarde e de forma tímida, não trazendo resultados relevantes no contexto geral.

O Brasil possui ações isoladas para a inserção de CEs, envolvendo tecnologia na fabricação, infraestrutura de postos de recarga e modelos de negócios. No entanto, estão aquém de países como Noruega e China, que possuem grandes esforços de incentivos financeiros e no desenvolvimento de indústria local, além de infraestrutura de recarga, possibilitando a criação e desenvolvimento de nichos. Devido as características sócio-técnicas e suas complexidades, há a necessidade de investimentos de longo prazo e tempo para aprendizado para ocorrer a substituição da tecnologia dominante por uma sustentável

Principais referências BERKELEY, N. B., D.: JONES, A.: JARVIS, D. 2017. Assessing the transition towards Battery Electric Vehicles: A Multi-Level Perspective on drivers of, and barriers to, take up. Transportation Research Part A: Policy and Practice. BOHNSACK, R. 2018. Local niches and firm responses in sustainability transitions: The case of low-emission vehicles in China. Technovation. DIJK, M. O., R. J.: KEMP, R. 2013. The emergence of an electric mobility trajectory. Energy Policy. VAZ, C. & URIONA MALDONADO, M. 2017. Revisão de Literatura Estruturada: proposta do modelo SYSMAP.