Resumo

Desde sua concepção a Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz, da Prefeitura de São Paulo, adota a Carta da Terra como documento norteador e como inspiração para seu principal programa: Carta da Terra em Ação. O Carta foi concebido para inspirar, encorajar e guiar o desenvolvimento, por parte dos cidadãos, de análises críticas de situações socioambientais urbanas, a fim de que promovam ações cooperativas em seus territórios. Por meio de intervenções urbanas, pretende que os cidadãos tornem-se agentes capazes de contribuir para uma mudança nos paradigmas de convívio em São Paulo.

Diante de um cenário em que se reconhece a importância (a) da ativação da cidadania, (b) de programas socioambientais focados nos dilemas do território e (c) da necessidade de análises críticas e sistemáticas destes programas, no presente artigo procura avaliar a trajetória do Programa Carta da Terra em Ação. Para tanto se comprometeu em sistematizar seu processo de criação e as mudanças ocorridas ao longo de sua história, avaliando a metodologia empregada, os conteúdos abordados e como estes elementos se entrelaçam no fomento de uma cidade mais justa e sustentável.

O convívio de diversas subculturas em uma grande cidade, não pode ser visto apenas como palco de problemas socioeconômicos. Esta rede de interações deve ser reconhecida como incubadora de inovações, onde as lutas pelo desenvolvimento humano sustentável devem ser travadas. É preciso incentivar o diálogo social em prol da construção coletivas, imputando qualidade e viabilidade a processos socioeducativos que estimulem a cidadania ativa e processos de empoderamento. Metodologias integrativas são, portanto, fundamentais para garantir estratégias que potencializem a natureza da gestão social.

A pesquisa de caráter qualitativo descritivo consiste em um estudo de caso do Carta, procurando insights em sua trajetória que levem a entender a atuação deste programa no fortalecimento da cidadania ativa. O método de estudo de caso permitiu estudar o programa em específico, reconhecendo seu valor em si mesmo. Para apreensão integral do Carta, os meio utilizados para coleta de dados foram observação participante, entrevistas e análises de documentos, como registros pessoais das coordenadoras do programa, e-mails e relatórios da administração pública.

O Carta já formou mais de 600 agentes socioambientais urbanos ao longo de uma década. O desenho modular da primeira fase, permitia aprofundar a reflexão sobre os princípios da Carta da Terra. Na segunda fase, reforça a visão da educação integral, reconhecendo que todos trazem consigo uma bagagem de saberes. A abordagem metodológica promove o diálogo entre as diversas visões dos participantes; informações atualizadas sobre a sustentabilidade urbana dos territórios de São Paulo; e a contribuição técnica de pesquisadores e especialistas convidados sobre os temas tratados ao longo da formação.

As mudanças ocorridas garantem que este seja um programa de educação ambiental vivo e atualizado no fomento de uma cidade mais justa e sustentável. Ao longo de sua trajetória, nota-se que o Carta alicerçou-se nos valores elencados pela Carta da Terra e, posteriormente, questiona-se sobre os futuros possíveis para uma cidade complexa como São Paulo. O Carta entende que somente aquecendo e alimentando incessantemente essa teia diversa de sujeitos atuantes é possível transformar São Paulo e caminhar para a mudança paradigmática do convívio a que se propõe: uma convivência sustentável e pacífica.

Giannella, V. (2008). Base teórica e papel das metodologias não convencionais para a formação em gestão social. In: Os desafios da formação em Gestão Social. Palmas (TO): Provisão, 11-36 Inojosa, R. (2012) Aprendizagem socioambiental em livre percurso: a experie?ncia da UMAPAZ. São Paulo: SVMA/PMSP Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP). Programa Carta da Terra em Ação. São Paulo:UMAPAZ Silva, L.S. (2007). Reflexões sobre uma experiência de cidadania ativa no espaço da gestão pública. Cidadania ativa na prática: contribuições da Psicologia e da animação sociocultural, 5, 13-18