Resumo

O conceito de Gestão da Cadeia de suprimentos surgiu na década de 80, a partir de algumas constatações: (i) Que os produtos originam-se de um esforço coletivo que envolve várias organizações, as quais formam um sistema; (II) Que as cadeias de suprimentos sempre existiram, porém, as empresas só se preocupavam com a gestão interna. Com isso, as relações entre empresas de uma mesma cadeia, que antes eram de caráter mais operacional, descontínuas e conflituosas, passavam a ter caráter estratégico, com visão sistêmica e cooperativas.

Passadas mais de duas décadas desse processo de reestruturação das empresas ao longo de suas cadeias de suprimentos, a questão que se apresenta é: O que mudou na forma das empresas se organizarem ao longo de suas cadeias de suprimentos? Sendo assim, o objetivo do presente trabalho consiste em analisar, de forma comparativa, a evolução ocorrida nessas relações entre elas, no período compreendido entre as duas últimas décadas, concentrando o foco nas adaptações ocorridas no sentido de adequarem-se aos novos paradigmas.

Segundo a Economia dos Custos de Transação a gestão da cadeia de suprimentos atua no sentido de diminuir os custos de transação entre os agentes e, como consequência na cadeia como um todo, pois atua no sentido de aperfeiçoar as transações, fazendo com que as informações fluem nos dois sentidos da cadeia (a montante e a jusante), promovendo e monitorando acordos e contratos entre os elos e, interagindo com o ambiente institucional no sentido de proporcionar competitividade ao sistema. Portanto, essa forma de gestão é vista como promotora de uma cooperação competitiva entre os agentes.

A presente metodologia tem dois momentos: um diz respeito ao estudo inicial e que foi realizado no final dos anos 90, e o outro, este recente (2019), que consistiu em voltar aos locais de campo e revisitar as cadeias originalmente estudadas. Nos dois momentos, o método adotado foi o estudo de múltiplos casos com uma única unidade de análise – a estrutura de gestão das cadeias de suprimentos. A análise dos dados ocorreu de duas formas: primeiro foram analisadas cada uma das cadeias, após a análise se concentrou em entender as similitudes e diferenças entre os casos.

A apresentação dos resultados ocorreu da seguinte forma: num primeiro momento foram apresentados e comentados, de forma resumida, os resultados do primeiro estudo; na sequência foram apresentados e comentados os resultados na pesquisa recente; por fim, foram feitas as análises comparativas entre os dois momentos. A partir dessa análise comparativa foi possível concluir acerca das evoluções que ocorreram nas formas das cadeias se organizarem e nas próprias estruturas de gestão dessas cadeias.

Por meio do estudo comparativo foi possível perceber que atualmente as cadeias apresentam estruturas de gestão semelhantes às apresentadas no final dos anos 90 e, que essas estruturas, continuam baseadas em ações cooperativas. Foi possível concluir ainda que, cada uma das cadeias ao seu modo, procurou se adaptar às evoluções ocorridas nessas duas décadas, em especial às questões ligadas ao Paradigma da Sustentabilidade e às inovações tecnológicas. Por outro lado, as cadeias necessitam repensar sua dependência asiática ocorrida nos últimos anos.

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