Resumo

Título do Artigo

Causas Diretas do Desmatamento e Problemas Socioambientais na Amazônia
Abrir Arquivo

Tema

Estudos da Amazônia

Autores

Nome
1 - PRISCILA BORIN DE OLIVEIRA CLARO
Insper Instituto de Ensino e Pesquisa - Responsável pela submissão
2 - Camila Ali Abdalla
-

Reumo

O desmatamento na Amazônia passou a crescer novamente à partir de 2013, tendência que acentuou em 2019, quando cerca de 10.300 km² da Amazônia Legal foram desmatados. Segundo dados do sistema PRODES este foi o maior índice de desmatamento dos últimos dez anos. Os impactos do desmatamento extrapolam a perda da biodiversidade e serviços ambientais. Vários problemas de subdesenvolvimento social na Amazônia Legal tem relação com o desmatamento.
Este estudo visa analisar a relação entre a expansão das pastagens e das áreas agrícolas com o desmatamento na Amazônia Legal brasileira. Apesar de vários estudos terem conduzido análises semelhantes, grande parte explora o desmatamento em anos anteriores a 2010. Dado que em 2012 as taxas de desmatamento iniciaram uma nova tendência de alta, decidimos estabelecer o período de análise entre 2011 e 2018. Um segundo objetivo é avaliar o desenvolvimento socioambiental entre 2014 e 2018 nos municípios com maiores taxas de desmatamento. Nossa hipótese é que o desmatamento não melhora sociais.
Estudos anteriores categorizam as causas do desmatamento em dois tipos: causas diretas e indiretas (Geist e Lambin, 2002). As causas diretas se referem a expansão das pastagens e áreas agrícolas, extração de madeira e expansão da infraestrutura. As indiretas, se relacionam a urbanização da região, crescimento populacional, aspectos culturais, sociais, tecnológicos, ambientais e políticas governamentais. Segundo estudos anteriores, no Brasil mais de 80% do desmatamento acumulado se relaciona à conversão de florestas em pasto (Rivero et al., 2009; Silva e Barreto, 2014).
Nosso estudo se caracteriza com quantitativo. O modelo contempla variáveis de desmatamento, cabeças de gado e áreas para cultivo de milho, arroz, soja, culturas temporárias e permanentes. Usamos estatística descritiva e método de regressão com dados em painel por estimação mínimos quadrados ordinários (MQO) para uma base de dados com 6.016 observações. Para discussão dos problemas socioambientais da região usamos dados do Índice de Progresso Social e estatística descritiva.
Nossos resultados reforçam que atividade pecuária bovina continuar tendo a maior influência no desmatamento da Amazônia Legal em comparação com as outras variáveis. A segunda variável que mais se correlaciona com a variável resposta é a cultura permanente, o que indica que as culturas de longo ciclo vegetativo também exercem influência no desmatamento da região. Também verificamos que o desmatamento não gera mais progresso social, ao contrário. Dos 10 municípios com maior incremento de desmatamento entre 2014 e 2018, 7 tiveram piora no IPS com média de redução de 2,08 pontos.
O desmatamento na Amazônia continua prevalecendo para fins agropecuários numa região urbanizada e subdesenvolvida. Reforçamos a necessidade de atuação do governo para manter as restrições de uso da terra, inibir o desmatamento e punir a ilegalidade. Com segurança institucional, o papel do setor empresarial será fundamental para o desenvolvimento da bioeconomia na região, dado sua capacidade de investimento, inovação e governança. Como vimos, problemas e causas são conhecidos, o desafio agora é encontrar soluções que considerem a manutenção da floresta como oportunidade e não ameaça.
GEIST, H. J. & LAMBIN, E. F. (2002). Proximate Causes and Underlying Driving Forces of Tropical Deforestation. BioScience, v. 52, p. 143-150. RIVERO, S., ALMEIDA, O., ÁVILA, S., & OLIVEIRA, W. (2009). Pecuária e desmatamento: uma análise das principais causas diretas do desmatamento na Amazônia. Nova economia, 19(1), 41-66. SILVA, D. & BARRETO, P. (2014). O aumento da produtividade e lucratividade da pecuária bovina na Amazônia: o caso do Projeto Pecuária Verde em Paragominas. Belém: IMAZON. 28p.