Resumo

Título do Artigo

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E DISCLOSURE DE RISCOS: um estudo comparativo entre o Brasil e os dois principais países da Península Ibérica
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Tema

Responsabilidade Social Corporativa

Autores

Nome
1 - Daniel Paulo Leite da Silva
Universidade Federal do Ceará - UFC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Francisco Batista dos Santos Neto
Universidade Federal do Ceará - UFC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
3 - Anna Beatriz Grangeiro Ribeiro Maia
Universidade Federal do Ceará - UFC - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade Responsável pela submissão
4 - Alessandra Carvalho de Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará - UFC - Universidade Federal do Ceará

Reumo

Por mais que a RSC revele-se uma ferramenta essencial para a redução dos riscos comerciais (HENKEL, 2009), tem sido indicada a ocorrência de relação negativa entre RSC e riscos (GRAVES; WADDOCK, 1994). Não obstante a isso, autores afirmam que embora a ligação entre RSC e risco financeiro tenha sido relativamente bem analisada, faltam estudos alusivos ao relato de riscos (BENLEMLIH et al., 2018).
Pelo exposto na contextualização, e à luz da Teoria Institucional, é possível conjecturar que o desempenho de RSC e a divulgação de informações de risco, em organizações de diferentes realidades socioeconômicas e culturais, caso de Brasil, Portugal e Espanha, apresentam características distintas, o que revela que podem ser encontradas diferenças contrastantes entre RSC e DR nessas localidades. Nesse contexto, delineou-se como objetivo geral verificar o desempenho da RSC e o DR em empresas do Brasil, em comparação com empresas localizadas nos dois principais países da Península Ibérica.
À luz da Teoria Institucional (DIMAGGIO; POWELL, 1983; MATTEN; MOON, 2008; MEYER; ROWAN, 1977; SCOTT, 1987) e estudos empíricos anteriores (ALLINI et al., 2020; ELSHANDIDY; NERI, 2015; ELSHANDIDY; FRASER; HUSSAINEY, 2015; LINSLEY; SHRIVES, 2006; ZAMAN et al., 2018), delineou-se duas hipóteses: H1: As empresas brasileiras diferem significativamente das companhias dos dois principais países da Península Ibérica quanto ao desempenho de RSC; H2: As empresas brasileiras diferem significativamente das companhias dos dois principais países da Península Ibérica quanto ao DR.
Para tanto, a amostra reúne 130 companhias de capital aberto listadas nas bolsas de valores B3, Euronext Spain e Euronext Lisbon, com dados de RSC extraídos da base CSRHub®. Para avaliação do DR, a análise de conteúdo foi aplicada na seção de risco incluída nos relatórios anuais do triênio 2015-2017 das empresas do Brasil (77), da Espanha (42) e de Portugal (11). Na sequência, foram empregadas técnicas como estatística descritiva e teste de diferenças entre médias.
Após a aplicação do teste de igualdade para variâncias, inferiu-se que os dois grupos de empresas não têm igualdade assumida. Feito isso, as médias foram avaliadas por meio do Teste t de Student, confirmando-se, então, a hipótese H1, valendo ressaltar que as empresas brasileiras apresentam um nível inferior de desempenho de RSC. Por sua vez, os testes da segunda hipótese (H2) indicaram que os dois grupos de empresas são significativamente diferentes quanto ao DR. No entanto, as empresas brasileiras obtiveram um nível médio de DR acima daquele assinalado pelas firmas das duas nações ibéricas.
A despeito do que se imaginava, as empresas brasileiras realizaram nível mais alto de DR, na comparação com as firmas das duas principais nações ibéricas. Outra importante constatação indica que as empresas ibéricas, sobretudo as espanholas, realizaram DRF bem inferior ao do grupo nacional. Os resultados dos testes de diferenças entre médias apoiam a aceitação das duas hipóteses, porquanto evidenciaram que o desempenho de RSC e o DR variam de acordo com o respectivo ambiente institucional. Os achados contribuem para ampliar e enriquecer o debate entre RSC e DR, à luz da Teoria Institucional.
ALLINI, A. et al. Determinants of financial instruments risk disclosure: an empirical analysis in the banking sector. Corporate Ownership and Control, v. 17, n. 2, p. 20-31, 2020. DIMAGGIO, P.; POWELL, W. The iron cage revisited: institutional isomorphism in organizational fields. American Sociological Review, v. 48, n. 2, p. 147-160, 1983. LINSLEY, P. M.; SHRIVES, P. J. Risk reporting: a study of risk disclosures in the annual reports of UK companies. British Accounting Review, v. 38, n. 4, p. 387-404, 2006.