Resumo

Título do Artigo

MÚLTIPLA EVIDENCIAÇÃO DE GASTOS AMBIENTAIS POR FIRMAS POTENCIALMENTE POLUIDORAS: EXISTE ALINHAMENTO?
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Tema

Comunicação, Indicadores e Modelos de Mensuração da Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Juliana Falcão Rocha
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC
2 - Douglas da Silva Ferreira
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC
3 - José Glauber Cavalcante dos Santos
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC Responsável pela submissão

Reumo

Ao contrário do que pode indicar parte da literatura, informações ambientais deveriam interessar, por distintas razões, a shareholder e stakeholder (Derwall, Koedijk, & Horst, 2011; Hassel, Nilsson, & Nyquist, 2005; Jaggi & Freedman, 1992; Lys, Naughton, & Wang, 2015). A evidenciação ambiental é um meio pelo qual se pode avaliar o desempenho ambiental. Al-Tuwaijri, Christensen e Hughes II (2004) e Mayor e Martel (2015) concordam que o relato ambiental do tipo quantitativo e monetário acaba sendo mais objetivo e informativo. Por ele são mensurados investimentos, custos e despesas ambientais.
A pesquisa tem o seguinte questionamento: como se caracteriza a múltipla evidenciação de gastos ambientais nas empresas de capital aberto que pertencem a setores potencialmente poluidores no Brasil? O objetivo do estudo consiste em caracterizar, a partir de análise comparativa, o relato ambiental acerca de gastos ambientais nesse grupo específico. Para tanto, foram elencados três objetivos específicos: identificar as empresas que evidenciam esse tipo de informação a partir dos relatórios examinados, mensurar o impacto financeiro dos gastos e classificá-los de acordo com a sua aplicação.
De acordo com Yakhou e Dorweiler (2004) e Middleton (2015), o relato ambiental tem se tornado relevante por razões emergentes. Primeiro, a busca por investimentos sustentáveis – proteção contra riscos ambientais que podem reduzir o valor das firmas no futuro. Segundo, o alinhamento entre objetivos econômico-financeiros e ambientais – há investidores no mercado que buscam equilíbrio entre ganhos nessas duas dimensões. Bhandari e Javakhadze (2017) explicam que os investidores precisam se informar sobre os gastos ambientais. o comprometimento ambiental pode afetar oportunidades de crescimento.
O estudo possui como amostra 28 empresas pertencentes a setores classificados como de alto potencial de poluição e utilização de recursos ambientais. A coleta de dados esteve voltada a três documentos: Relatório da Administração (RA), Notas Explicativas (NE) e Relatório de Sustentabilidade (RS), publicados por cada empresa. A análise abrangeu 2018 e 2019, os mais recentes em termos de publicação anual. Aplicou-se a técnica de análise de conteúdo aos 84 relatórios examinados. Realizou-se a leitura integral das narrativas visando confirmar as sentenças e trechos que informavam gastos ambientais.
Considera-se pequeno o efeito financeiro dos gastos ambientais sobre o faturamento das empresas. Assim, embora a maior parte do grupo analisado apresente algum tipo de informação sobre gastos ambientais, nem todas deixam claro o efeito financeiro. Fica sinalizada a falta de alinhamento entre os relatos sobre gastos ambientais nessas empresas nos três tipos de relatório. O impacto financeiro diverge entre as mesmas empresas substancialmente, tratando-se a mesma informação. O Relatório da Administração e o Relatório de Sustentabilidade concentram gastos com preservação e controle ambiental.
Na esteira da avaliação do desempenho ambiental, o relato monetário ainda não se põe satisfatório, de modo a possibilitar a quantificação, pelo menos, dos valores aplicados às ações de preservação, controle e recuperação ambiental. Considerando-se as orientações econômicas dos participantes ativos do mercado e das demais partes interessadas, a mensuração dos efeitos financeiros dos gastos ambientais pode ser insuficiente na escolha de investimentos. Deve-se recordar que, aparentemente, o teor das informações muda segundo o relatório, já que eles são preparados sob abordagens especificas.
Al-Tuwaijri, S., Christensen, T. E., & Hugles II, K. E. (2004). The relations among environmental disclosure, environmental performance, and economic performance: a simultaneous equations approach. Accounting, Organizations and Society, 29, 447-471. Barnett, M. L., & Salomon, R. M. (2012). Does it pay to be really good? Addressing the shape of the relationship between social and financial performance. Strategic Management Journal, 33, 1-17. Vellani, C. L., & Nakao, S. H. (2009). Investimentos ambientais e redução de custos (SP). Revista de Administração da UNIMEP, 7(2), 57-75.