Resumo

Título do Artigo

FINANCEIRIZAÇÃO GLOBAL E FILANTROPIA: os novos rumos da Responsabilidade Social Corporativa em tempos de pandemia
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Tema

Responsabilidade Social Corporativa

Autores

Nome
1 - JORGE CAJAZEIRA
Fundação Getúlio Vargas - FGV - EAESP
2 - Rodrigo Ladeira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - Escola de Administração
3 - Maria Teresa Grimaldi Larocca
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - Escola de Administração Responsável pela submissão

Reumo

Segundo Ziek (2009), o maior interesse dos stakeholders pelas ações sociais das empresas está tornando-as mais responsáveis e atuantes. Esta afirmação parece incoerente quando organizações citadas como referência na responsabilidade social (RS) aparecem nos noticiários como as grandes vilãs da corrupção brasileira. Por outro lado, o crescimento do valor global dos ativos demonstra uma das transformações mais relevantes que o capitalismo internacional faz surgir na esfera financeira: a nova "hegemonia das finanças" ou de "mundialização financeira" que leva a impactos no significado da RSC.
O protagonismo empresarial do setor financeiro é de interesse nesta pesquisa. Há algum tempo, no Brasil, os juros cobrados pelos bancos são exagerados. Neste cenário, o presente artigo visa entender os impactos e as razões da financeirização mundial da economia na responsabilidade social corporativa. A partir de uma avaliação da evolução da RSC, no Brasil, buscamos entender como o setor bancário passou ao protagonismo nacional da filantropia empresarial após o esvaziamento dos investimentos sociais privados.
Foi realizado um levantamento nas principais bases de dados de ampla cobertura na área de Ciências Sociais cujas bases têm indexados os principais periódicos internacionais e nacionais da área, além de documentos disponibilizados pelas instituições e sites referentes ao tema central deste documento.
Este estudo caracteriza-se por ser exploratório qualitativo de caráter descritivo, tendo como técnicas a pesquisa bibliográfica, documental, além de entrevistas semiestruturadas, sendo uma delas com uma executiva ligada a um grande banco e um dos gestores do Índice de Sustentabilidade da Bolsa de Valores de São Paulo. Para validação da coleta de dados, efetuou-se a triangulação das entrevistas e observações dos pesquisadores, com apoio referencial da revisão bibliográfica, balanços sociais divulgados nos sites pesquisados e informações sobre o ISE.
As empresas envolvidas no esquema de corrupção têm em seu site uma política de RS. Apesar dos ISPs das instituições financeiras passarem da marca do bilhão de Reais, esse valor ainda é pequeno diante dos lucros dessas instituições. O valor doado pelo Itaú-Unibanco corresponde a menos de 5% do seu lucro líquido em 2019. Percebe-se também, uma alteração no perfil das instituições bancárias, oriundas das próprias mudanças da sociedade. O processo de financeirização da economia também alterou os padrões de remuneração de executivos, tornando-os associados aos aspectos exclusivamente financeiros.
Ao mesmo tempo que decaem as ações da RSC clássicas como o diálogo com stakeholders, adequação legal e a não discriminação, ressurgem os investimentos sociais privados, agora liderados pelas instituições financeiras como analisado nesta pesquisa. Ainda que extremamente bem-vindos em especial em tempo de pandemia, esses investimentos (apesar de significativos e no patamar de bilhões de reais) não refletem o poder econômico dos bancos brasileiros que, por longo tempo, atuaram em um ambiente por demais permissivo, levando a taxas de juros sobre empréstimos a patamares absolutamente inexplicáveis.
CARROLL, A. B. Corporate social responsibility: evolution of a definitional construct. Business and Society, v. 38, n. 3, p. 268–295. 1999. FALCK, O.; HEBLICH, S. Corporate social responsibility: doing well by doing good. Business Horizons, v. 50, n. 3, p. 247-254. 2007. FALCK, O.; HEBLICH, S. Corporate social responsibility: doing well by doing good. Business Horizons, v. 50, n. 3, p. 247-254. 2007. SAWYER, M. What Is Financialization?. International Journal of Political Economy, v. 42, n. 4, p. 5-18. 2013.