Resumo

Diversos estudos têm se preocupado em discutir perspectivas, alternativas e cenários futuros considerando a crescente preocupação com a qualidade dos alimentos, o que implica em discutir os níveis de confiança nas informações sobre os alimentos disponíveis para o consumo. Aliado a desconfiança das grandes empresas do setor de produção e distribuição de alimentos (Meyer et al., 2012) e o impacto ambiental dos sistemas produtivos convencionais, tem despertado alguns consumidores a necessidade de se reconectar com a fonte produtora dos alimentos visando mitigar esses problemas.

O objetivo deste estudo é investigar e apresentar as variações entre os elementos formadores e influenciadores da confiança entre os consumidores de cadeias curtas de alimentos orgânicos com base na perspectiva da escolha do canal de compra. A estruturação desse estudo e os resultados estão organizações na presente introdução, na conceituação de cadeias curtas e relacionamento de confiança, no método utilizado, na análise dos resultados e nas considerações finais, seguido do referencial teórico.

SHORT FOOD SUPPLY CHAINS E O MERCADO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS: Estudos recentes apontam um crescimento representativo de uma variedade de formas de produção de alimentos e comércio em circuitos fora do modelo convencional de agricultura. Embora ainda muito fragmentado, essas novas práticas estão sendo cada vez mais bem documentadas, deixando claro que a sua ocorrência não deve ser vista de forma restrita (Renting, Marsden e Banks, 2003). Giddens (1990) afirma que os sistemas de confiança são formados pelas relações sociais que incorporam e perpetuam confiança e estas se formam entre indivíduos.

Para a realização deste estudo utilizou-se uma abordagem quantitativa por meio de um processo de pesquisa formal e estruturado. A coleta de dados utilizou a pesquisa survey com consumidores de alimentos orgânicos, de consumo não eventual para qualquer tipo de produto orgânico oriundo de feiras/grupos de consumo ou supermercados. Para a estruturação do instrumento de pesquisa foram utilizados indicadores, dimensões e variáveis encontradas na literatura sobre o tema de confiança nas cadeias curtas de alimentos orgânicos.

Os resultados mostraram que as variáveis importantes para a confiança dos consumidores das feiras (Modelo IFF) são: a crença de que os alimentos orgânicos são superiores aos alimentos produzidos de forma convencional, a confiança nas informações fornecidas pelos produtores e a confiança na produção local; já para os consumidores de supermercados (Modelo ESFSC) as variáveis importantes são: a certificação e o aspecto estético do alimento.

Identificou-se que as variáveis formadoras da confiança são distintas para cada um destes modelos, ou seja, para consumidores de alimentos orgânicos que compram seus produtos em feiras e supermercados. Essa é uma constatação relevante no que tange a estudos futuros com cada um destes segmentos de consumidores dentro do mercado de orgânicos, bem como influencia a composição de ações e estratégias para estes públicos.

MEYER, S. B.; et al. Reconnecting Australian consumers and producers: Identifying problems of distrust. Food Policy, v. 37, n. 6, p. 634-640, 2012. ISSN 0306-9192. RENTING, H.; MARSDEN, T. K.; BANKS, J. Understanding alternative food networks: exploring the role of short food supply chains in rural development. Environment and planning A, v. 35, n. 3, p. 393-412, 2003. ISSN 0308-518X. GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Editora da UNESP, São Paulo, SP. 1990. ISBN 8571390223.