Resumo

O modelo de economia linear representa um risco a humanidade quanto ao crescimento econômico e desenvolvimento socioambiental. Este modelo de produção se baseia na exploração de recursos naturais escassos e na emissão de poluentes. Uma alternativa aos impactos desse modelo é a transição para uma Economia Circular. Esta, fundamenta-se no fluxo contínuo de materiais a partir da transformação dos resíduos em matéria-prima e na regeneração do capital natural e social, extinguindo-se o conceito de lixo.

A consolidação de um sistema que opera em um circuito fechado depende do desenvolvimento de atividades que englobam e, igualmente, sustentam a lógica de uma Economia Circular. Portanto, torna-se necessário a utilização de métodos e ferramentas de gestão apropriados a lógica desse novo modelo econômico. E os desafios encontrados na conversão de modelos de negócios linear em um circular podem ser superados com a aplicação Ecocanvas, cuja estrutura foi desenvolvida para fornecer a conceituação fundamental no apoio aos profissionais e aos empreendimentos ao longo do processo de transição.

Segundo Ellen MacArthur Foundation (2012), a Economia Circular propõe um novo sistema produtivo, o que implica em novos indicadores de performance e relações comerciais igualmente inovadoras. Sendo um modelo econômico cujos princípios estrutura-se na eliminação do resíduo e da poluição, na manutenção de produtos e materiais em uso e na regeneração por intenção e design. Neste contexto, surge o Modelo de Negócios Ecocanvas, projetado para a integração entre a economia, a natureza e o ser humano. E permite que a rentabilidade do negócio seja equiparada ao valor das questões ambientais e sociais.

A pesquisa é classificada como bibliográfica e estudo de caso etnográfico, apresentando uma abordagem exploratória e descritiva como método de procedimento. Para o tratamento dos dados, utilizou-se uma análise qualitativa das informações levantadas sobre um empreendimento de artesãs do sul do Brasil, e teve como fundamentação os conceitos de Economia Circular e Modelos de negócio. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com o grupo, guiada pelo conjunto de perguntas organizadas inicialmente por Gonçalves (2012) e complementadas por Daou et al. (2020).

Compreende-se o coletivo de artesãs como um empreendimento circular e solidário visto que suas atividades produtivas pressupõem a interação entre um novo tecido industrial e social. Promovem um consumo mais limpo, próximo e sustentável, com a valorização dos trabalhos artesanais, dos negócios locais, das relações solidárias, cooperativas e comunitárias. Dentro de uma escala humana capaz de gerar prosperidade, inclusão e bem-estar, unida a uma cultura de respeito ao entorno social-econômico-natural. A coleta dos dados

Conclui-se que a aplicabilidade do Ecocanvas contribuiu como recurso visual estratégico do empreendimento e apresenta de forma prática os aspectos diretamente relacionados com a criação circular de valor em sua produção. As artesãs produzem e geram valor, ao mesmo tempo que promovem impacto local, a partir de uma perspectiva de sustentabilidade ambiental e inovação. O estudo permitiu comprovar a aplicabilidade da metodologia em um negócio local e de pequena escala, além de identificar os potenciais de integração entre o negócio, economia, meio ambiente e a sociedade.

DAOU, A. et al. The Ecocanvas as a business model canvas for a circular economy. In: Journal of Cleaner Production, v. 258, 2020. ELLEN MACARTHUR FOUNDATION (EMF). Towards the circular economy - Vol. 1. Opportunities for the consumer goods sector. Isle of Wight: EMF, 2012. GONÇALVES, E. J. V.; Análise e desenvolvimento de modelos de negócios em spin-offs acadêmicos: um estudo de caso junto a empresas da INBATEC UFLA. Lavras, 2012. 131 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2012.